agosto 29, 2008
Flash! [ 8 ] O sonho do Mario
Bom, estávamos voltando da natação e cada um estava com seu dinossauro preferido [na verdade os dinos são do Guga, o primo de 7 anos, que é um dos ídolos dos meus meninos]. E o Mario resolveu contar o sonho que teve.
Começou assim:
Mario: ‘Pai! O pai! Paiê!
Eu: Fala, Mario.
Mario: Pai, eu sonhei que estava num lugar com muitos dinossauros, muito grandes e aí veio um Tyranossauro Rex muito bravo, com dentes grandes e unhas afiadas que podem arranhar e correu atrás de mim, queria me pegar e eu corri e fugi dele e ele era muito perigoso...
O sonho era longo e eu já estava mais atento ao trânsito do que à estória, enquanto o Mario continuava a contar. Até que de repente o Diogo interrompe o a narração do Mario e diz:
Ah! Mas aí apareceu uma ‘dinossaura’ de pescoço comprido [um Branchiossauro] pra namorar com o Rex e ele parou de morder!
O Mario deu uma parada, olhou bem pro Diogo e perguntou, num tom entre o estranhamento e a interrogação: Você estava no meu sonho?
Imagina! Não deu pra segurar e dei umas boas risadas. E ainda dei corda perguntando se o Mario não tinha visto Diogo no seu sonho. Não vi não, disse ele.
Tudo o que eu preciso saber aprendi no jardim de infância [Robert Fulghum]
dividir tudo com os companheiros;
jogar conforme as regras do jogo;
não bater em ninguém;
guardar os brinquedos onde os encontrava;
arrumar a bagunça que eu mesmo fazia;
não tocar no que não era meu;
pedir desculpas se machucava alguém;
lavar as mãos antes de comer;
apertar a descarga do vaso sanitário;
biscoito quente e leite frio fazem bem a saúde;
fazer de tudo um pouco: estudar, pensar, desenhar, pintar, cantar e dançar, de tudo um pouco, todos os dias;
tirar uma soneca todas as tardes;
ao sair pelo mundo, ter cuidado com o transito, ficar sempre de mãos dadas com o companheiro e sempre de olho na professora.
E continua sendo verdade não importa quantos anos você tenha: ao sair pelo mundo vá de mãos dadas e fique sempre de olho no companheiro'.
agosto 28, 2008
A primeira professora
[Eu sou o loirinho de oculos pretos ao lado da professora Maria Luiza]
Saí do Pio XII na quarta serie primária, quando vim para Campinas com meus pais. Nunca mais revi aqueles colegas, nunca mais soube nada da professora. E eu procurei saber, mas não consegui nada. Recentemente fiz contato por email com 4 daqueles colegas. E me deu um frio na barriga danado, um nó no peito e na garganta, como se eu estivesse prestes a resgatar uma parte da minha vida que estava perdida. Estou com o telefone deles, mas ainda não tive coragem de pegar o telefone e falar com eles.
Mas não é disso que quero falar, não. Fica pra outra vez falar da minha infância. Só mais uma coisa: lembro de duas outras pessoas que não foram bem minhas professoras mas foram marcantes antes da professora do primeiro ano primário. Uma é a Aunt Vivian. Pois é, lembro de certas imagens da Aunt Vivian, que tinha uma escolinha de garagem numa daquelas pequenas ruas do Brooklyn, em São Paulo. Lembro da entrada da garagem, da pequena sala, que havia algumas outras crianças, que ela tinha cabelos negros [será?], que todas as atividades eram em inglês. Minha mãe talvez se lembre melhor dela. Não era propriamente uma professora nem uma escola. Era um tipo de maternal, uma lugar de recreação em inglês.
Eu tinha por volta de 4 ou 5 anos e acho que minha mãe queria um tempo para ela me colocou lá. Minhas duas irmãs mais velhas já iam à escola e eu devia ficar em casa importunando a vida da mãe. Minha irmã caçula devia estar a caminho ou devia ser recém nascida. Não tenho nenhuma foto do lugar, da sala, que era do lado esquerdo de quem entrava na garagem, depois de passar por um portão de ferro branco à meia altura [será?]. Lembro que minha mãe dizia: 'Vamos na Aunt Vivian?' Lembro que aprendi a contar até 10 em inglês [One little, two little, three little indians...], aprendi algumas palavras, as cores, o básico pra uma criança de 4 anos nos anos 60. Acho que hoje há programas mais hardcore que devem ensinar línguas às crianças de forma mais rápida e eficiente. De qualquer forma, acho que esse contato com a língua me facilitou a vida depois na hora de aprender de verdade.
A outra é minha prima Tetê. Tetê é também minha madrinha e é afilhada de meu pai. Quando nasci, ela tinha 14 anos. Quando eu tinha 7 anos, idade para entrar no primeiro ano primário, ela tinha 21. E foi ela quem me alfabetizou, em casa, antes de entrar no Pio XII. Não lembro exatamente como foi, nem por quanto tempo ela me deu as primeiras lições. Lembro de estar na casa de minha avó Marta, na rua Inglaterra, na mesa da sala de jantar e de ter um livrinho com as letras, silabas e essas coisas. Acho que chamavam isso de cartilha, não? A Tetê já era professora naquela época e depois se transformou numa baita professora, trabalhou no Colégio Gávea e por aí afora. Ela é irmã da Lulu, da Mimi, do Bebeto e da Bia. E filha do Marioto, irmão de meu pai, Noel e de Toni. Quer mais apelido?
Bom, eu queria mesmo falar da primeira professora dos trigêmeos. Porque acho que também não vou me esquecer dela. Primeiro porque era minha amiga na adolescência. E segundo porque me passava uma segurança, uma firmeza no cuidado com as crianças. Eu ficava emocionado ao vê-los interagindo com a Laurita, em ver o carinho que ela tinha por eles e por todas as outras crianças. E sentia total confiança no trabalho que a Laurita desenvolvia. Um dia ela enviou um texto do Robert Fulghum e foi então que percebi o papel da primeira professora na vida dos meus filhos: ‘Tudo o que eu realmente preciso saber aprendi no jardim de infância’ [na verdade é o titulo de um livro do autor].
Foi a Laurita que ensinou a eles a conhecer os princípios básicos que fariam a espinha dorsal de suas vidas. Era ela que os acompanhava e orientava na descoberta da vida em sociedade. E percebi o tamanho e a importância dessa tarefa. Da primeira professora dos meus filhos eu não vou esquecer, porque ela os ajudou a saberem tudo o que precisavam aprender para a vida.
agosto 27, 2008
Entrando na escola
Estávamos nas nossas conversas, escola, não escola, prós e contras, entra não entra, vai não vai, quando um dia encontramos uma amiga que eu não via há anos, a Laurita. Nós havíamos estudado juntos no ginásio e no colegial. Era um doce de menina. Interessante que a Laurita encontrava minha mãe com certa freqüência e quando soube que eu teria trigêmeos emprestou um livro fantástico sobre bebês. Eu nunca mais havia encontrado a Laurita. Até que um domingo fomos almoçar no clube e lá estava ela. Estava lá com a família. Eu não me lembrava que ela tinha três filhos. Uma menina, Juliana e gêmeos, André e Pedro.
Então conversamos, ela conheceu os tri, batemos um papão. Perguntei o que ela achava de colocarmos os pequenos na escola e ela foi super a favor. Achava que seria ótimo, ideal, muito bom. A opinião da Laurita pesou muito, afinal ela é professora dessa faixa etária há uns quinze anos, ou seja, experiência signficativa.
Perguntamos se ela indicaria alguma escola e ela disse que o Progresso estava muito bom, com um novo projeto de educação infantil, corpo docente qualificado, uma escola infantil começando dentro da estrutura de um colégio consolidado. Isso nos agradou muito. E mais ainda o fato de que ela era professora no Progressinho. Isso deve ter sido por volta de fevereiro ou marco de 2006, as crianças tinham 2 anos.
Acho que em maio fomos conversar com a coordenadora do Progressinho, a Cristina. E ficamos encantados com tudo o que vimos. E as mensalidades eram bem, muito razoáveis. Esse era um grande problema, afinal, seriam três de uma vez na escola! Mas achávamos que não seria possível colocá-los na escola porque ainda usavam fraldas. Mas, segundo a Cristina isso não seria um problema. Então, combinado, eles entrariam na escola no segundo semestre, quando teriam 2 anos e meio. Seriam da classe do Infantil 1, da professora Laurita.
Até hoje me lembro dos primeiros dias de escola, os três de uniforme, logo cedo, às sete horas, prontos para o que, aos olhos deles, deveria ser uma aventura. Tivemos a clássica semana de adaptação que na verdade durou duas semanas. A gente ficava numa área externa às salas de aula no caso de um deles precisar de alguma coisa. Engraçado como eles ficavam mais fora da sala do que dentro. Então a Laurita nos chamava pra dentro e eles ficavam um pouquinho mas logo saiam de novo. Depois de 2 semanas eles estavam ótimos. Gostavam da escola.
Eles se desenvolveram muito desde então e acho que foi uma decisão muito acertada. Eles aprendem tantas coisas na escola que em casa não poderiam aprender, porque não há o ambiente necessário nem o grupo para interagirem. A impressão que tenho é que eles realmente adoram a escola. Nunca deram problema, sempre foram contentes e ficaram lá numa boa. Claro, sempre tem aqueles dias que um está tristinho e talvez preferisse ficar em casa, mas quando vêem os irmãos indo, acabam se animando.
Enfim, o Progressinho foi um grande progresso pra nós.
agosto 26, 2008
Flash! [ 7 ] No telefone...
Bom, nesses dias falei com as crianças diariamente. E fiquei de boca aberta ao perceber que eles aprenderam a falar no telefone. Crianças aprendem coisas e a gente nem sabe como, é como se fosse mágica! Na verdade agente sabe que eles aprendem um pouquinho a cada dia, vão acumulando experiências e conhecimentos e um dia sabem fazer tal coisa. E é nesse dia que você se espanta! O engraçado é que esse dia pode ser diferente para cada pessoa que convive com eles. São vários dias espantosos!!!
Num desses telefonemas, pude notar as diferenças de cada um ao falar ao telefone. E morri de rir depois. Eram mais ou menos 7 da noite, um pouco antes da hora de dormir. Falei com a Bia e depois vieram os três.
Primeiro a Laura:
Oi Laura, tudo bem?
E ela: tô!
O que você esta fazendo?
Ela: tô!
Como foi seu dia?
Ela: tô!
Laura, fala alguma coisa filha!
Ela: siiiiiiim!!!
Eu estou com saudades de você!
E ela: eu também, tchau!
E passou o telefone para o Diogo. Essa é a Laura! Não tenho dúvidas de que ela estava fazendo alguma outra coisa muito mais interessante do que falar com o pai naquele momento. Estava ocupada! Ela sempre est’a ocupada com alguma coisa que toma toda sua atenção. Ela mergulha naquilo e pronto. Pode até fazer alguma outra coisa, mas a atenção vai ser 1%!
Depois falei com o Diogo:
Oi Diogo. Estou com saudades de você!
Diogo: eu também estou com saudades de você, papai! Onde você está, papai?
Estou em Belo Horizonte, filho.
Diogo: eu estou vendo desenhos, pai. Quando você volta?
Volto logo filho.
Diogo: eu agora estou assistindo o Pigley! Tchau, um beijo pai.
Tchau, Diogo.
E ouvi o estalinho do beijo que ele me mandou...O Diogo é assim: carinhoso, falante, conta estórias, explica, usa corretamente as palavras, uma figurinha.
Por fim, falei com o Mario:
Oi Mario, tudo bom? To com saudade filho!
Mario: Olá, papai!
O que você esta fazendo?
Mario: muitas coisas, eu brinquei com a Laura e o Diogo, almocei tudo, vi televisão, tomei lanche, tomei banho, jantei tudo, tô me divertindo muito e depois vou dormir.
E pá, desligou! O menino é direto ou não? O Mario enrola pra falar algumas palavras, mas fala tudo. Mas não gosta de perder tempo explicando. Respondeu minha pergunta e, como ia dormir logo, desligou. Na deu nem tempo de falar tchau!
Fiquei do outro lado da linha rolando de rir. E morrendo de saudades dos meus três pequenos!
Ressaca!!!
Também me envolvi com projetos novos, que tomaram um certo tempo e exigiram atenção. Uns já terminaram, outros continuam andando. E ai fui deixando de escrever, postergando, dizendo amanhã eu escrevo e o tempo foi passando. Acho que eu precisava de um descanso. Foi como tirar umas férias das férias!
Mas as férias foram ótimas! As deles e as minhas. Eles adoraram! Eu fiquei mais cansado e aí tirei férias das férias!. E pronto, a explicação taí: ressaca das férias!
Agora já acabaram. Estamos de volta!