dezembro 30, 2010

balanco

Fim de ano, hora de fazer um balanco de tudo o que aconteceu ao longo desses 12 meses. Antes mesmo de comecar posso dizer que foi um ano e tanto.

Ano que comecou com a familia sem casa mas com um pe no Canada. Quase dois meses na casa dos pais da Bia. Nos cinco, casa pequena, temporaria, tempo de aprender a ceder, aceitar, escutar, compartilhar. Foi tempo pra reafimar a generosidade dos meus sogros que sao movidos a projetos, muitos projetos. Nos 5 com eles foi um projeto e nos demos bem durante o tempo que durou.

Ano de dizer adeus a tudo que nos era familiar, a comecar pela familia. Ano de separacao dos irmaos, pais, primos, amigos, dos lugares, das coisas, da cultura em geral.

Ano que comecou de verdade quando pusemos os pes em Calgary e comecamos a concretizar o projeto de viver por aqui. Ano de descobrir muitas coisas novas, de aprender, de fazer novos amigos. Foi a hora de comecar do zero, tudo de novo. E conhecer uma nova cultura, experimentar novos sabores, ouvir novos sons, relaxar, desacelerar, perder o medo, estabelecer novas relacoes, aprender, aprender, aprender.

Inesperadamente, ano de fazer amigos pro resto da vida.

Ano de ver as criancas desabrocharem, aprendendo a ler e a escrever, aprendendo uma nova lingua, fazendo novos amigos. Ano de estabelecer as relacoes familiares, do nosso pequeno nucleo familiar, em novos padroes, de estreitar lacos, de lancar fundacoes para o futuro.

Ano de desafios profissionais. Ano de um pouco mais de sorte. Ano de muitas alegrias. Ano de iniciar coisas novas. Ano de escrever muito. Ano de pensar muito. Ano de muitos comecos, muitos projetos, muitos planos e muitas realizacoes.

Nem sei se teve algo que foi negativo. Talvez a coisa mais dificil foi ficar longe da familia, dos amigos. Mas isso fazia parte do projeto. E como estamos aqui, todos estao planejando vir nos visitar, o que eh muito bom.

O ano foi bom, muito bom. Intenso. Se ha uma imagem que pra mim traduz essa intensidade eh a imagem das montanhas rochosas. A cada vez que me deparo com as montanhas sinto um fascinio. As montanhas sao fascinantes. Foi um ano fascinante! Que venha 2011!

fim de ano

Estamos em Canmore para passar o ano novo. Infelizmente eu trabalho dia 31 e primeiro, entao vou e volto de Calgary pra ca. Estamos num hotelzinho com piscina e toboga que as criancas adoram. A temperatura esta em torno de -20C mas com muito sol. Hoje fomos passear em Lake Louise e Banff. Nao sei se vou conseguir voltar aqui amanha, entao ja desejo a todos um 2011 muito melhor que 2010 [minha mensagem de ano novo esta no blog da Fisher-Price]. Foi muito bom ter todos voces como leitoras, leitores, seguidoras e seguidores do blog.

dezembro 28, 2010

saiu no globe and mail

Há um tempo atrás, Bia começou a trazer do hotel o Globe and Mail no fim do dia. O Globe and Mail é tipo o Globo, Estadão, Folha. Comecei a ler sempre a seçào chamada Facts and Arguments, com histórias reais de leitores do jornal.

Então achei que seria bacana escrever sobre nossos primeiros passos aqui em Calgary, o que fizemos, como alugamos a casa e, especialmente, como foi nosso encontro com nossos vizinhos e locadores. No início de novembro escrevi o texto, que enviei pra minha irmã no Colorado pra ver o que ela chava e fazer uma revisão. Ela achou legal, corrigiu e eu mandei pra editora do Facts and Arguments.

Um mes depois recebi um email da editora dizendo que meu texto seria publicado. Ela me fez várias perguntas pra confirmar que a história era real, disse que faria algumas mudanças e me avisou a data da publicação. Depois de uns dias me enviou o texto editado e acho que as mudanças que ela fez foram muito boas, o texto ficou melhor.

Ontem saiu no Globe and Mail. Saiu na versão eletrônica e na edição em papel. Logo de cara tem um monte de comentários na edição on line. Achei alguns muito engraçados como aqueles que acham que a história não é real, é propaganda. Depois quero saber o que voces acharam. [quem não lê inglês pode usar o tradutor do Google pra ler em português. Não é tão acurado, mas ajuda.]
Clique na foto ou use o link: http://www.theglobeandmail.com/life/facts-and-arguments/our-landlord-gave-us-an-unexpected-welcome/article1850321/

dezembro 26, 2010

o dia de natal

Antes das crianças irem dormir, deixamos um pratinho de biscoitos e um copo de leite pro papai Noel ao lado da lareira, como é costume aqui. Depois que as crianças foram dormir, Bia e eu começamos a preparar os presentes embaixo da árvore. E de manhã, quando acordaram, foi uma folia. Os três ficaram encantados! O pratinho só com migalhas, o copo vazio, o saco cheio de presentes, a mesa de centro fora do lugar e até um bilhete escrito pelo próprio papai Noel. Foi uma delícia ver a alegria deles.

Mais tarde fizemos um brunch e a tardinha fomos jantar na casa dos pais de Clare e Jae. Mais uma vez as crianças ficaram muito bem.

Nosso primeiro Natal aqui foi muito bom, mais tranquilo impossível.

a noite de natal

Foi tudo bem tranquilo. As crianças brincaram, os adultos conversaram, a comida estava boa, um belo presunto, um bom perú, frutas gostosas, arroz, farofa, sobremesas deliciosas, boa bebida. Os pequenos comeram bem, os adultos também. Celebramos, agradecemos, brindamos. E depois da meia-noite, quando os amigos já tinham ido embora e todos já tinham ido dormir, foi a vez do bom velhinho aparecer por aqui.

dezembro 24, 2010

dias lindos antes do natal

Céu azul, temperaturas amenas considerando o inverno, sol. Às vésperas do Natal, as crianças tem ficado em casa com nosso baby sitter importado, Gabriel. Parece que eles têm se divertido. Quando chego encontro a casa inteira, nada destruído, com exceção do próprio Gabriel!!!

Outro dia flagrei os 4 descendo o morrinho aqui atrás de casa.

dezembro 23, 2010

feliz natal!!!

Quero desejar pra todo mundo que acompanha ostrigêmeos um Natal muito feliz, alegre, cheio de brincadeiras e carregado de seus significados mais profundos de paz, união e esperança. E desejo que paz, união e esperança se estendam por 2011 para que seja um ano especial em que cada um possa realizar seus projetos com muita saúde.

Feliz Natal!!!

adoro a escola

Ontem a noite, depois de receber os vizinhos para um queijo e vinho super agradável, enquanto eu teperava o peru que a Bia dissse que ia preparar, Laura ficou do meu lado falando da escola, dos professores, dos amigos e, com lágrimas nos olhos, disse: 'adoro a minha escola.' Fiquei emocionado com a pequena, tive que abraçar, beijar. Ela está com saudades da escola, tantas que os olhos marejam e ela chora. Já viu uma coisa dessas?

cantando no chuveiro

Ele entra no chuveiro e depois de um minuto começa a cantar. A timidez desaparece, acho que é levada junto com a água que cai pelo seu corpo. Canta a plenos pulmões! 'I believe I can fly, I believe I can touch the sky...' ou então 'Jingle bell, Jingle bell, Jingle bell rock...' Eu escuto e fico rindo, Bi dá risada. Esse Mario é mesmo muito engraçado...

dezembro 22, 2010

mensagem de natal no blog da fisher-price

[a foto é do Natal de 2007]

day off e noite mais longa do ano

Hoje, meu sábado, as crianças de férias, o Gabriel por aqui, cuidando deles [muito bem, por sinal], temperatura de inverno até que agradável, coisa de -10C, eu preparando um almocinho, frango na brasa [preparado lá fora] com batatas douradas, o que fazer a tarde com as crianças? Piscina!!!

Já fomos lá muitas vezes, há tempos não vamos, mas agora é hora de ir. Contei os planos pra todos e todos ficaram animados. Depois do almoço arrumamos toda a parafernália, dei uma bronca geral e condicionei a ida à piscina a arrumação do quarto que estava uma bagunça e nos mandamos pro Vilage Square Leisure Center.

Foi uma folia boa, todos se divertiram. Saímos de lá já anoitecendo, às 5 da tarde e vimos um belo arco do Chinook no céu, sinal de que as temperaturas vão subir um pouco mais nos próximos dias. O fim de semana do Natal promete ser de temperaturas positivas ou próximas de zero.

Hoje é a noite mais longa do ano no hemisfério norte. O sol tem aparecido por aqui por volta das oito, oito e meia da matina e está se pondo pouco antes das 5 da tarde. A partir de agora os dias serão, gradativamente, mais longos. O detalhe é que hoje é noite de lua cheia.

As crianças estão na expectativa do Natal, da visita do papai Noel, dos presentes. Vamos ficar em casa, receber alguns amigos, fazer uma pequena ceia. Vamos colocar biscoitos e um copo de leite perto da lareira pro papai Noel e esperar que ele traga os presentes pra serem abertos na manhã seguinte. Acho que vai ser um Natal com muito significado pra nós.

dezembro 20, 2010

snow man

Ontem, antes de sair de casa, encomendei um snow man pra galerinha. Mas parece que a neve não está muito boa pra isso agora. Não sei como, eles conseguiram fazer um.

dezembro 19, 2010

o primeiro cartão

Esse foto foi feita com uma polaroid com filme vencido e o resultado foi esse aí, meio blurred, meio sépia. Bati uma série de fotos dos três sentados em cima de uma mesa e depois montei um cartão de Natal com quatro das fotos. Escrevi a mão uma mensagem, montei as fotos direto sobre o scanner e pronto. O cartão está aí embaixo. Escrevi um post sobre os primeiros natais lá no blog da Fisher-Price. Clicando na foto voce vai até lá pra ler o texto.

dezembro 18, 2010

menu

Pizza ontem a noitinha. E o Diogo resolveu fazer um book, como ele disse, com as pizzas que estávamos preparando. Eu disse a ele que esse livro é um livro especial que se chama menu. Ele escreveu todos os ingredientes e no final o modo de fazer, a receita, essas coisas. Bem do jeito dele. Ficou legal.

Estamos a meio caminho da pizzaria. Laura abre as bolachas, redondinhas, perfeitas [devia ter tirado uma foto, mas minhas mãos estavam cheias de farinha]. Diogo prepara o menu e acho que atenderia muito bem aos clientes. E acho que o Mario vai fazer o controle de qualidade. Bom, porque o Mario, por enquanto come que é uma beleza!

vamos arrumar a mesa

Gabriel comandou a tropinha na hora de arrumar a mesa. Ele tem ajudado bastante, já está ambientado na casa. Outro dia já ficou sozinho com os três na hora do jantar e se virou bem. Fez um omelete de queijo e montou os pratos com omelete e macarrão. Ótimo. Nesses feriados de inverno Gabriel ficará incumbido de cuidar do trio enquanto Bia e eu vamos a labuta.

Agora repara na Laura. Ela está sempre em cima da mesa. Ô menininha....

blog do biel

Gabriel fez um blog que está bem legal. Ele fala sobre sua viagem ao Canada. Espero que ele continue postando. Ele está curtindo o inverno, só não gosta do frio no nariz. Dá uma lida!

dezembro 17, 2010

auto-retratos

fotografando cookies

os dias no avesso 2

Hoje é domingo! Pois é, caiu na sexta-feira. O pior é que o sábado não caiu antes do domingo, caiu na terça. Difícil entender, né?!?!?!

trabalho 14: new boss

Steve, o novo gerente, começou na segunda-feira. Tive terça de folga e ele quarta. Então só nos vimos de novo ontem. Ele ainda está se ambientando. Parece ser um cara legal, vamos ver. Pelo menos vou ter alguém pra me orientar mais de perto.

dezembro 16, 2010

winter celebration 2

Parece que foi bem bonito. As crianças cantaram Jingle bell rock e With my own two own hands. Bia não levou a máquina, mas tirou umas fotos com phone. Amanhã é o último dia de aula e o trio vai ter 17 dias de folga pela frente. Christmas holidays, winter holidays, aulas só no dia 3 de janeiro de 2011.

root beer

Hoje eu peguei no batente, entrei no serviço ou simplesmente fui trabalhar a 1:30 da tarde e saí as 9:30 da noite. Esfriou um bocado, cerca de -15C e nevou bem. De manhã, depois da lida com a criançada, botei uma cesta de roupa pra lavar e fui ao mercado com o Gabriel. Maratona. Na volta, descarregamos o carro, eu pus a roupa pra secar e o Gabriel ajudou a guardar tudo na geladeira e nos armários.

Saímos famintos pra comer um sanduba. Tive que levar o cara no A&W, uma cadeia especializada em hamburguers que tem como bebida oficial Root Beer. O cara gosta disso, que tem um gosto entre pasta de dente, coca-cola e gauraná. Eu, particularmente, não vejo graça na coisa, mas há quem goste. Acho que o Gabriel sofreu as más influências de um amigo da nossa família, americano, que gosta bastante dessas porcarias. Fazer o que!

Mas olha o menino no A&W, como moleton novo do Calgary Flames e tudo.

outras fotos do jogo

Essas foi a Bia que tirou.

winter celebration

As crianças vão fazer uma apresentação hoje a tarde, as 6 e meia, para celebrar as festas de fim de ano, o fim do primeiro termo da escola. Eu vou perder...mas Bia ficou encarregada de tirar fotos.

trabalho 13: corte de horas

Cheguei na quinta-feira passada na loja, depois do meu sábado e domingo, que geralmente caem na terça e na quarta e a primeira coisa que me disseram, a Fran, na verdade, uma outra team lead, antes de falar bom dia foi: ‘voce tem que refazer a escala do seu pessoal e reduzir as horas pela metade.’ Perguntei porque, me explicaram, eu entendi mas achei esquisito. E a moça que me deu a notícia do meu lado, cadê sua escala, vamos refazer e eu meio atônito e a moça, vamos ver, você pode cortar aqui e eu comecei a não gostar e ela olhava pra mim e dizia que eu tinha que entregar isso em meia hora e eu, recobrando os sentidos, disse a ela que me desse 15 minutos que eu refaria a escala, mas não ia conseguir com a pressão dela em cima de mim. Tudo bem, beleza.

Sentei e fiquei olhando pra minha escala e pensando o que eu ia fazer pra cortar 100 horas do meu pessoal. Sim, porque minha escala quem faz é a gerente, Cheryl, 37.5 horas por semana [aqui o almoço de meia hora não é pago e só se pode trabalhar 5 dias por semana]. Depois do susto, Amanda, outra team lead apareceu e me deu umas dicas. Tá bom, vamos lá, fazer o que. Coloquei todo mundo trabalhando 5 horas por dia, só duas pessoas por dia, sempre ficando apenas um na área. Depois de meia hora, saí com uma escala com 117.5 horas e levei pra Cheryl. Ela nem olhou, agradeceu.

Voltei pra minha área e dei a notícia pro meu pessoal. Eles ficaram atônitos também. Cortar horas no Natal? Pois é! E o que aconteceu no sábado seguinte, só eu trabalhando? Loja cheia! E passa a Cheryl, vê aquilo e me liga: ‘dá pra ligar pra alguém do seu time pra ver se consegue entrar antes e fazer 7.5 horas? E liga pra quem vai estar amanhã e faz a mesma coisa, ta?’ Hum! Se eu disser que eu já sabia...ótimo, enfim, liguei e meu pessoal ficou bem feliz.

Mas vou ser sincero. A loja não anda cheia. Os shoppings não estão cheios. Acho que a crise pegou aqui agora, não sei. As pessoas não estão comprando, não querem gastar. A província depende do óleo, petróleo e a coisa ainda não está muito boa. Não sei. Vamos ver como vai ser esse ultimo fim de semana antes do natal. E dia 26 tem o Boxing Day, tradicional dia de liquidações. E eu vou trabalhar dia 24, 26, 31 e primeiro.

dezembro 15, 2010

diversão no blog da fisher-price

As vezes a gente escreve uma coisa e quando relê, depois de um tempo, até que acha bom, bem escrito. Não é sempre que isso acontece, não. Ao contrário, na maior parte das vezes acho o que escrevi bem medíovre, no sentido de mediano, normal, nada demais. Mas esse texto achei bem bom: qualquer coisa diverte.

dezembro 14, 2010

chegou!

O Gabriel chegou bem. A viagem foi boa, tranqüila, sem nenhum problema. Ele teve acompanhamento o tempo todo, tratamento vip, com direito a café da manhã no aeroporto onde fez conexão, sala vip com m&m e refri, essas coisas. Chegou cansado, mais da expectativa do que de qualquer outra coisa.

Antes de trazê-lo pra casa passei no mercado pra ele comprar pasta de dente, escova e outras coisinhas que ele esqueceu em casa. Comprei eatmores e batata frita com ketchup pra ver se ele gostava. Chegamos aqui, ligamos pra mãe, claro [que já tinha ligado por meu celular enquanto estávamos chegando], ele desfez a mala, tomou um banho e ficamos conversando até a hora de ir buscar os trigêmeos no ônibus. Fomos a pé porque ele precisava aprender o caminho.

Gostei de rever o Gabriel. Ele está crescido. O papo dele é bom, fala de tudo. Perguntou um monte de coisas, contou um monte de coisas. Amanhã ele já vai ficar com os primos, sozinho. Vai ter que ir buscá-los no ônibus porque eu estarei trabalhando e Bia tem dentista. E ainda vai fazer o jantar. Temos umas coisas bem praticas pra ele preparar mas pelo jeito ele quer fazer um omelete. Beleza!

As oito e meia ele estava na cama, cansado. Dias intensos o esperam...
[na próxima, fotos dele com os tri]

trabalho 12: a volta das furadeiras

Estava eu, belo e formoso numa tranquila tarde de segunda-feira trabalhando com meu estoque, arrumando prateleiras, mudando umas ferramentas daquiprali pra ver se mexia um pouco nas vendas, quando um senhor nos seus sessenta se aproxima com um saco de supermecado na mão.
‘Tenho uma furadeira aqui, usei uma vez e quebrou.’
‘Tudo bem, quando o senhor comprou a furadeira?’
‘Há mais ou menos um ano atrás.’

Abro o saco e dou uma olhada nas furadeiras, que parecem bem usadas. A furadeira tem um ano e foi usada uma vez? Estranho, penso eu.
‘O senhor tem o recibo?’ Enquanto isso vou me encaminhando pro meu caixa, onde tenho o telefone.
‘Não. Mas as ferramentas Craftsman não tem garantia por toda a vida?’
[As ferramentas Craftsman, marca da Sears, têm garantia por toda a vida, se forem ferramentas de mão, tipo chave de fenda, essas coisas. Voces não imaginam como atendo caras que voltam com ferramentas de 15, 20 anos atrás, mostram pra mim, eu digo que se tivermos em estoque podemos trocar e a troca é feita em 2 minutos, o cara sai com uma ferramenta nova. Ferramentas elétricas tem garantia de 1 ou 2 anos, dependendo da ferramenta.]
‘As ferramentas elétricas têm garantia limitada, posso checar para o senhor qual a garantia da sua ferramenta. De qualquer modo, depois de um ano, o senhor teria que falar direto com o departamento de serviços e peças. Vou ligar pro departamento de reparos pra confirmar.’

Enquanto atendo ao senhor, vejo chegando um cara, quadrado de grande, cabelo branco, barba branca, olhos esbugalhados, uma mulher ao lado dele, pequena, franzina, com duas furadeiras na mão. Eu ligando pro tal departamento e o cara das duas furadeiras joga as duas no balcão e diz, em voz alta:
‘Isso aqui é uma porcaria, não quero mais isso.’
Myla, a menina do meu time ficou menor do que já é. Eu explicando o outro caso no telefone, dei o nome do cliente, o número do telefone. A moça me pede pra esperar.
O cara das duas furadeiras continua falando:
‘Comprei essas duas m....s faz dois meses, uso pra trabalhar, não posso ficar sem elas, uma droga e tal e coisa.’ O cara tava bravo, falando duro com a Myla e olha pra mim. Eu no telefone, esperando a moça voltar comento ‘dois meses’, como quem diz ‘nossa, não faz muito tempo’ e o cara olha pra mim bravo, como quem não entendeu e quer briga e eu explico: ‘dois meses, são como novas’.

A moça do outro lado do telefone volta, responde com a data da compra e outros detalhes do senhor, como endereço e coisa e tal e diz que a garantia é de um ano e já expirou. Agradeço, desligo e volto ao cliente. E o cara das duas furadeiras não para de falar.
‘Me desculpe, senhor, mas sua ferramenta está fora do prazo de garantia.’
‘Mas eu só usei uma vez!’
‘Desculpe, senhor, a furadeira foi comprada a mais de um ano, não posso fazer nada.’

E o senhor olha pra mim, mostra o saco do mercado com a furadeira dentro e joga no lixo. Myla fica chocada e tira a furadeira do lixo. Eu digo a ele que tenha um bom dia e ele se vai.

Agora me volto pro cara das duas furadeiras e como nessas horas ligo o modo stereo, mantive o tempo todo uma orelha ligada no que ele falava e sabia de toda a estória. Ainda assim e por isso mesmo perguntei como podia ajudá-lo. Ele contou tudo de novo, despejou a raiva que estava das ferramentas em mim, falou, falou, falou, leu meu nome no meu crachá, começou a me chamar pelo nome. E a mulher dele do lado dele, sorrindo o tempo todo. Eu apenas disse: ‘Ok, posso ver seu recibo?’ E perguntei o nome dele. Peter.

Olhei os recibos, verifiquei a data e vi que ele tinha comprado um monte de outras coisas. Perguntei se ele queria trocar as furadeiras por novas. Ele disse que nem pensar, não queria mais aquela porcaria, nunca mais. Então perguntei:
'O que você quer que eu faça, Peter, eu quero ver você feliz.'
‘Eu quero deixar esse lixo aqui e quero um carregador de bateria novo.’
‘Isso vai deixar você feliz, Peter?’
‘É isso que eu quero.’
E a mulher dele ainda sorrindo.
Fui atrás dos dois carregadores que tenho na loja, mostrei pra ele, perguntei qual ele queria. Ofereci o mais caro, o melhor, mas enfim ele queria o mais simples. Tudo bem. Peguei os recibos, passei pelos milhões de passos pra fazer as operações de retorno, troca, etc, peguei o carregador que ele queria, imprimi um novo recibo da mercadoria nova e entreguei tudo pra ele.
‘Aí está, Peter. Obrigado. Voce é sempre bem-vindo nesta loja.’ O cara disse obrigado e saiu, levando o carregador e a mulher a tiracolo.

Peguei as duas furadeiras do Peter, colei as etiquetas de retorno por defeito, levei por depósito. Voltei, peguei a furadeira do senhor e joguei de novo no lixo. Myla olhou pra mim e diz:
‘Cara, você é calmo demais, como agüentou tudo isso?’
‘Isso não é nada, faz parte.’
Dei um suspiro grande, me sentindo esgotado. ‘Mas preciso de um tempo, vou tomar uma água.’ E fui tomar uma água e fiquei uns 5 minutos olhando pela janela, o céu azul, o sol refletindo na neve. Sobrevivi, pensei. Mas me perguntei o que eu estava mesmo fazendo ali. 'Aprendendo, aprendendo...', me disse uma vozinha lá do fundo que nem eu sei quão fundo é...

trabalho 11: discussão com a loja lotada

Loja lotada, início de um novo fim de semana de liquidação. Nosso departamento preparado, exceto pela sessão de árvores de natal. Eu vinha tentando trazer meu estoque pra área de vendas há uns 5 dias. Eu pedi pra um cara do time pra trazer tudo pra cima. Ele me disse que era muita coisa, que não caberia tudo. Fui eu verificar quanto tínhamos de estoque, achei que dava. Dia seguinte pedi pro gerente do estoque preparar todas as árvores em paletes assim poderíamos ir trazendo aos poucos. Isso feito, passaram-se 3 dias e nada das árvores subirem. Nesse meio tempo

No sábado, a Cheryl veio pra mim e pediu que eu trouxesse as árvores pra área de vendas e eu só pude responder que estava trabalhando nisso e que resolveria o problema o quanto antes. A loja estava cheia, um monte de gente procurando árvores de natal. Desci ao estoque e quando cheguei lá vi nossos paletes lá parados e um cara lendo o jornal. Não tive dúvida, disse por cara, por favor, preciso desses paletes lá em cima agora.

E subi. 10 minutos depois vejo o gerente do estoque, um armário de 2 e meio por 2 e meio se aproximando. Parou na minha frente e disse: ‘quando voce quiser alguma coisa do estoque, fale comigo.’ E eu respondi: ‘eu falei com você na terça-feira, você sabia que eu precisava disso aqui o quanto antes’. ‘Eu estava ocupado.’ E eu: ‘desde terça-feira?’ E o cara: ‘não interessa, eu sou o chefe lá embaixo.’ E eu: ‘e eu sou o chefe aqui. Meu trabalho não pode ficar prejudicado por sua causa.’ E o cara: ‘não me importa, eu sou o chefe.’ E eu respondi: ‘também não me importo com isso, eu preciso das árvores aqui’. O cara saiu me xingando e eu fiquei continuei fazendo o que estava fazendo. Só sei que as árvores foram subindo e chegaram todas.

Segunda-feira, na reunião diária com os gerentes, aparece o Peter. Sabia que coisa boa não vinha. E depois da reunião a Cheryl pediu que eu e ele ficássemos pra conversar com ela. Ela já sabia de tudo por que o cara foi reclamar com ela. E no final que tinha um problema era ele e não eu. Ele contou a versão dele e eu até dei razão pro cara, não posso chegar lá e dar ordens pros funcionários dele, pedi desculpa. Mas respondi que meu trabalho não pode ficar suspenso porque ele não cumpre as tarefas dele. E ainda disse que não precisava da ajuda dele, que poderia fazer as coisas com os caras do meu time. Pontos nos is, fomos embora.

Só sei que dois dias depois o estoque estava limpo, arrumado, organizado, brilhando. Eu não era o único a reclamar do cara. Todos na loja reclamavam dele. O estoque era mesmo uma bagunça. Enfim, tamanho nunca foi documento...

trabalho 10: o dia a dia

Mês e meio já se passou e as coisas no trabalho vão indo. Trabalhar nos fins de semana não é nada agradável. São os dias mais movimentados e estressantes. Loja cheia, clientes sem paciência, muita gente chata pra falar a verdade. Também não estou gostando de perder os dias de folga das crianças, acaba que não os vejo muito, fico com saudades e eles também. E Bia fica cansada de cuidar dos três sozinha o fim de semana todo.

Os dias da semana até que não são tão ruins. Há menos gente na loja, gente mais calma, com mais tempo. A Sears não prima por seu atendimento ao cliente e acho que por isso a loja não é tão movimentada quanto poderia ser. Em todo o caso, eu atendo todo mundo com um sorriso, sou solícito, tento ajudar como posso.

Meu time é novo na loja também, exceto pela Noel, que tem anos de Sears e conhece tudo. Ela ensina um monte a mim e aos outros. Os outros são mais jovens e inexperientes e cometem alguns erros quando usam o sistema. Nós temos um caixa em que além de recebermos pagamentos fazemos pedidos de máquinas e equipamentos de ginástica. O sistema é bem complexo e uma pequena distração pode causar um grande erro.

Que ver só? Quando a gente faz um pedido de uma esteira, por exemplo, a gente tem que entrar com o telefone do cliente e o sistema traz todas as informações, endereço, tudo. Um número errado na sequência do telefone e a esteira vai pra casa de outro cliente. Claro que quem está entrando com os dados tem que verificar o endereço, nome, tudo do cliente, mas um cara de 17 anos não tem paciência pra faze isso, então...
Outra coisa. Os pedidos tem que ser feitos para o centro de distribuição e podem ser entregues na loja e o cliente vem pegar aqui ou na casa dele. Cada opção tem um número e se o numero é digitado errado, o cliente pode nunca receber o produto porque pode ser que o produto nunca tenha sido pedido. Isso já aconteceu duas vezes.

E informação errada, então? Motor pra abrir garagens aqui é um produto em alta demanda. Vende um monte. E são feitos pra abrir portas de até cerca de 2 metros de altura. E um dos caras do time insiste em dizer pros clientes que os portões são adequados para portas de até 3 metros. Resultado, os caras voltam furiosos, frustrados e a solução é dar para o cliente uma extensão da corrente, de graça.

Eu sofro com o sistema, acho péssimo, muitos passos pra cumprir cada tarefa. Mas faço tudo com super atenção, checo todos os passos, faço com calma. Não é a parte que eu mais gosto. Prefiro falar com os clientes, atendê-los. E a Sears é uma loja de velhinhos, a maioria dos clientes são de idade. Alguns são ranzinzas, mas outros são sensacionais. E aparecem por lá várias vezes por semana, só pra passear.

cookies

A Bia adora fazer biscoitos. Faz quase todos os fins de semana. As crianças adoram a brincadeira. Ela faz velhas receitas, comprovadas e solicitadas pelos tri e novas receitas que, às vezes não dão muito certo. Ela tem uma infinidade de livros de receitas só de cookies. Fim de semana passado ela faz uns cookies com formato de casinha, com neve no telhado e as crianças ajudaram a decorar as casinhas. Depois de comer uns tantos, ficaram escolhendo a mais bonita dentre as que sobraram. A Alice sabia muito bem qual era a sua preferida!

Acho que um dia ainda vamos abrir uma fábrica. Já tenho até o nome: Aunt Bee’s cookie factory [fábrica de biscoitos da Tia Bia. O apelido dela aqui é Bea mas todo mundo pronuncia ‘bii’ que também é a pronúncia para abelha. Entao pode ser também Tia Abelha].