Eu estava no laboratório de informática, iniciando um curso de atualização quando o celular tocou. Já estava esperando a ligação e me levantei para atender fora da sala. Oi, Bia, falei, mal podendo esperar pelas noticias que viriam do outro lado da linha, e aí? Você está sentado? Ela perguntou. Espera um pouco, eu falei, de fato procurando um canto para sentar. Fala. São três, ela disse, com a voz entre amuada e embargada, quase chorando mas querendo segurar o choro. Três! eu disse, não acredito, que loucura, como é que pode, Bia? Mas que p.... é essa? Pois é, ela respondeu, eu é que pergunto que p.... é essa! Desliguei o telefone rindo da piada que a Bia tinha feito. Rindo pra não chorar, porque a vontade mesmo era enfiar a cabeça entre as pernas e chorar. Chorar de emoção, de medo, de desespero, chorar por todos os motivos do mundo. Com os olhos marejados eu ria. Pois é, que p.... seria essa?
Entrei na sala para pegar minhas coisas, pedi licença e sai sem dar muitas explicações. Que explicações poderia dar naquele momento sobre o imponderável, o inexplicável, o incompreensível, o sobrenatural? Eu procurava por respostas e sai atordoado pelos corredores da universidade em direção ao carro. Teria cinqüenta minutos de viagem pela frente até chegar em casa e não sabia que pensamentos iria enfrentar. Acho que foram os cinqüenta minutos mais atribulados que tive até hoje na vida. Tive flashes de tantas coisas, de tantas épocas do passado, revi passagens com meu pai, com meus avós, revi toda minha vida com a Bia, desde o casamento, desde o namoro. Voltei muito longe para trás, fui muito à frente tentando prever o futuro imediato e o futuro longínquo. Como seria uma gravidez de três? Como a Bia iria se sentir? O que seria de nós, de nossas vidas? Como poderíamos cuidar e sustentar três de uma vez só? O que seria dessas crianças no futuro? E o nosso futuro?
Esses são daqueles momentos temerosos na vida. Quando se está dirigindo o carro, uma atividade tão rotineira, por um caminho mais do que conhecido, percorrido todos os dias e que se pode fazer de olhos fechados. Literalmente não sei como cheguei em casa, não me lembro de nada do caminho, de ter parado em um sinal, nada. Cheguei atônito, atordoado, a beira da inconsciência! Estacionei o carro e subi pelo elevador. Entrei sem saber o que dizer. Queria olhar para a Bia, ver o que seus olhos diziam, sentir um pouco o clima dela. Andei em silencio até a sala onde ela estava, olhei para ela e seu rosto, seus olhos me diziam tantas coisas que foi o mesmo que não dissessem nada, não consegui decifrar nenhuma mensagem clara, definida, legível em suas expressões. Três! Bia. E agora? Perguntei. Ela me abraçou sem dizer uma palavra e ficamos assim sem saber o que dizer.
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5 comentários:
Cheguei por aqui hoje, acho que vi um comentário seu no Pinguiland, sei lá.
Nossa! De arrepiar esse post! Nem consigo imaginar o que passou na cabeça de vocês, como foi receber essa notícia.
Sds,
K.
Oi K!
Passo sempre no Pinguinland, gosto muito da cecilia.
Eh, nao foi facil nao, mas demos conta do recado. E como tudo na vida, ter tri tem o lado bom e o ruim.
valeu pelo recado.
abracos
Nossa que maravilhoso! Ter 3 são alegrias multiplas!!! Parabéns!
Conheci seu blog agora! Felicidades!
Ana Carolina
quasemaepai.blogspot.com
Li sobre o blog na revista de dia dos pais do Boticário e não pude deixar de entrar.
Sou tia de trigêmos, a Laura, o Pedro e a Mariana. 3 coisinhas lindas que arrancam de mim meu melhor sorriso.
Seus filhos sao lindos!!!
Oi, Silvia,
estou louco pra ver a revista. Eles ficaram de me enviar um exemplar! Abraços nos sobrinhos.
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