maio 31, 2009
Vovô Noel [1]
Noel era um cara diferente. Aliás, como toda a sua família, formada por pessoas geniosas e de personalidade forte. Noel não se cansava de contar as historias desses personagens. Só pra dar um exemplo, seu avô Domingos não andava para trás mas nem por decreto. Saltava do ônibus sempre um ponto antes do lugar a que estava indo e se porventura o carro em que estivesse como passageiro fosse dar marcha a ré, mesmo que apenas para estacionar, ele bradava: ‘Pare! Me deixe descer imediatamente!’ E assim era feito. Andar pra trás dava um azar danado, segundo ele.
Noel era apelido de Manoel Arthur, filho de Mario e Albertina, ele carioca, ela pernambucana. O irmão de Mario, Domingos, casou-se com Anunciata, irmã de Albertina. Eram muito próximos. Noel teve 2 irmãos, Mario, o Marioto e Antonio, o Toni. Toni ainda está vivo e bastante forte. Os irmãos eram muito diferentes, mas se davam muito bem. Marioto gostava de diversão, jogos, era alegre, brincalhão, de bem com a vida. Toni era apaixonado por carros e desde pequeno freqüentava oficinas mecânicas. Noel gostava de guardar, juntar, colecionar, contabilizar, comerciar.
Ele contava que na fazenda do avô cada neto tinha um pé de Abiu. Quando todos já tinham consumido todas as suas frutas, Noel ainda as tinha e provocava a cobiça dos outros. O que fazia então era armar uma pequena barraca para vender as frutas, o que lhe rendeu o apelido de Mané Tendinha e a antipatia dos outros. Certa vez, os irmãos, mais velhos que ele, o chamaram pra brincar. Como ele era sempre colocado de lado nas brincadeiras, ser chamado assim era a glória. Foi. Mandaram-no entrar numa caixa, grande, fecharam. Colocaram a caixa num buraco e já iam jogando terra por cima quando alguém apareceu para salvá-lo de ser enterrado vivo pelos próprios irmãos.
Noel cresceu no Rio dos anos 30 e 40, a capital do país, uma cidade cosmopolita que resumia a identidade do Brasil, era o centro de tudo. Estudou no exterior, onde viveu por 6 anos no período do pós segunda guerra, voltou, levou uma vida de playboy por 2 anos, dividindo seu tempo entre o trabalho em São Paulo e os fins de semana no Rio. Não gostava de praia, onde ia de meias até a beira d’água. Em São Paulo freqüentava os amigos de seu irmão mais velho, Marioto, onde jogavam buraco, pôquer e pif-paf a dinheiro, mas por pura diversão entre amigos, ninguém ficou pobre ou rico nessas jogatinas familiares. Um dos casais amigos de Marioto, Octavio e Martha, tornaram-se grandes amigos de Noel. Eles tinham uma filha, então com 17 anos, Maria Augusta, que tinha horror ao Noel. Ele era feio e velho para ela, afinal ele era 10 anos mais velho do que ela. Tantas fez Noel que acabou conquistando a moça. Casaram-se. Noel não era um cara bonito, mas charme tinha de sobra.
Vovô Noel [2]
Pouco depois montou com o pai e os irmãos uma pequena indústria de componentes automotivos. Associaram-se a companhias estrangeiras. O negócio prosperou. Noel trabalhava bastante. Chegava tarde ao escritório e tarde em casa. Uma das fortes lembranças de minha infância é ser proibido de fazer barulho de manhã. E à noite mal via meu pai pois já estava na hora de ir pra cama. No início dos anos 70 transferiram a fábrica para Campinas, mas num revés de uma negociação duvidosa, perderam tudo para os gringos. A depressão de Noel foi compensada por sua oficina de marcenaria, seu hooby e pela chácara que comprara quando mudou com a família para Campinas. Acho que isso o salvou de uma crise maior do que aquela que enfrentou. Enfim, refez sua vida profissional e trabalhou por anos na mesma empresa.
Era um cara difícil, pelo menos com os filhos. Distante, calado. Com os outros, nas reuniões sociais, entre amigos, era o que se pode chamar de animador de festas. Contava piadas e muito bem. Conseguia prender a atenção das pessoas por horas a fio contando piadas. Entretanto, era um cara carinhoso, gostava de fazer carinho, de ficar abraçado com os filhos, especialmente com as filhas. Noel era daqueles caras que não gostava de crianças mas que os tiveram porque contavam com o trabalho da mulher em casa para criá-los. Ele sempre afirmou que não gostava de crianças. E não gostava mesmo. A idade limite para ele era 14 anos, por aí.
Noel completaria hoje 83 anos. Nos deixou em 1993, aos 66 anos. Não chegou a conhecer nenhum dos netos. O primeiro, Guilherme, nasceu no ano seguinte de sua morte. Não sei como ele seria como avô. Talvez se dobrasse aos encantos desses pequenos seres, difícil saber. De todo o modo, meus filhos sabem bem quem foi o vovô Noel. Ele vive em nossas memórias e faz parte da história desses trigêmeos. Um avô sempre faz falta.
[Eu tinha uma foto muito bonita de meus pais juntos, mas não a encontrei. Não sei como pude perdê-la, estava guardada junto com todas as outras fotos mas não está mais lá. Se um dia a encontrar, coloco aqui.]
maio 30, 2009
lição de casa [14]
Nesta sexta a lição foi sobre o estudo do meio do projeto ‘como nasce um livro’. Muito legal. Pelo que vi aqui em casa, as máquinas da gráfica impressionaram bastante a criançada.
maio 29, 2009
taco solto
maio 28, 2009
berço
Eu sempre digo uma mesma frase quando se trata de falar de educação: educação começa no berço. E isso significa que é preciso educar as crianças desde o momento em que nascem. Sim, os bebes aprendem desde os primeiros dias. Aprendem a dormir, a mamar, a ouvir. Depois aprendem a comer, a segurar, a sentar e assim por diante. Bebes têm que ser orientados, educados para que façam as coisas da melhor maneira possível. É desde então que aprendem a conviver em sociedade. Esse berço é muito mais que um móvel que abriga a criança.
Voltando ao berço de ouro, esplêndido, esse não tem serventia nenhuma. Por mais que se tenha, por mais que se dê coisas materiais a uma criança, não significa que ela será bem educada. Na maior parte das vezes, muito pelo contrário. Ela pode ter tudo, mas não será tudo. Mais importante que ter é ser. Parece um conceito tão antiquado, mas é ainda verdadeiro.
Educação que vem do berço permite dizer que alguém sim tem berço.
[leia o que mais escrevi sobre educação aqui e aqui]
maio 27, 2009
um dia muito diferente
Foi tudo diferente. A visita foi à tarde, portanto eles não tiveram aulas de manhã. Não tiveram correria pra acordar de manhã, ficaram em casa brincando, almoçaram mais cedo. Estavam eufóricos com o passeio, não falaram de outra coisa nos últimos dias. Foram pra escola a 1 hora da tarde e voltaram as 6 da tarde, quase noite, escuro já, destruídos, como costumo dizer. Voltaram mais eufóricos ainda, com mil coisas pra contar e livros que ganharam de presente. Trouxeram um livro, com a foto da turminha na capa, de cerca de 10 páginas em branco para escreverem suas próprias histórias. Achei genial.
maio 26, 2009
quantos anos tem essa menina?
É a história de um menino franzino, baseada nas memórias do autor Willie Morris. Willie tem mais ou menos 10 anos, é filho único de um casal comum, lá pela década de 40 no Mississipi. O pai, veterano de guerra, manca de uma perna e sofre com as recordações da guerra. A mãe dedica-se à família. Os pais sofrem vendo o filho ser rejeitado pelo grupo de meninos mais agressivos, mais moleques. Até que Willie ganha um cachorro, um Fox terrier [de pelo liso ou smooth em inglês] que ele batiza de Skip [alguém se lembra de uma série que passou na Cultura sobre um cãozinho chamado Wishbone? Então, Skip é um cãozinho muito parecido]. E sua vida muda completamente. Ele passa a ser aceito pelo grupo de meninos, flerta com a menina mais bonita da cidade. Enfim, Willie tem uma bela infância, acompanhado de seu melhor amigo, o Skip. O filme termina melancolicamente. O menino cresce, vai para a faculdade. Skip, velhinho, fica sozinho e triste. O pequeno cão morre sem nunca mais ver seu amigo Willie, que se transformou em escritor.
Gosto desse filme por vários motivos. Por que é muito bem feito, o menino é uma graça e os valores transmitidos são dos mais louváveis: lealdade, respeito, amor, amizade, companheirismo, dignidade, cortesia. Esses princípios importantes para construir um bom caráter e que já foram mais valorizados do que hoje em dia. E também porque tive um cão vira-lata que me acompanhou dos 2 aos 16 anos, o Xodó, meu grande companheiro.
Enfim, assistimos o filme e perto do final me levantei para ir ao banheiro. Nessa hora, Laura estava com a cabeça deitada em minha perna. Quando voltei vi que ela estava esfregando os olhos e fungando. Deitei sua cabeça de novo em minha perna para ver o final do filme. É um final triste mesmo, o cãozinho sozinho no quarto do menino enquanto a narração explica que ele morreu. O filme termina e Laura está chorando baixinho. Peguei-a no colo e, sem dizer nada, abracei-a e chorei junto.
Depois de um tempo perguntei se ela estava chorando. Ela caiu na gargalhada, dizendo não. E perguntou se eu estava chorando e choramos um pouco mais juntos. Nunca imaginei que essa pequena de 5 anos fosse ter essa reação. Me pareceu uma reação de crianças tão mais maduras, de uma menina adolescente...Laura sempre surpreende. É o que sempre digo pra mim mesmo: por trás dessa moleca se esconde uma princesa.
maio 25, 2009
outono – domingo na praça
lição de casa [14]
maio 22, 2009
uno
Nós não assistimos canais abertos aqui em casa, então não estamos inteirados das propagandas e das coisas que estão na moda, não sabemos o que esta rolando com a moçadinha. Recentemente eles começaram a assistir Ben 10, que parece que adoram, mas não passa muito disso. Enfim, nossos filhos terão que aprender a lidar com isso, com o mundo lá fora e as pressões que impõem e com os pais que têm e as restrições que colocam. Fazer o quê?
Numa dessas sextas-feiras, dia de levar brinquedo na escola, choveu. Sugeri que eles levassem jogos já que não poderiam brincar no parque. Mario escolheu levar o Uno, um jogo de cartas muito parecido com Mau-Mau ou Oito-Maluco, alguém se lembra? Eles adoram jogar o Uno.
Pronto! O Mario levou o Uni e fez o maior sucesso! Voltou todo pimpão naquele dia, todos quiseram jogar seu jogo. Ah!, como são sensíveis esses pequenos seres...
acordando devagar
Hoje, como de costume, vou chamá-la umas 3 ou 4 vezes até que ela saia da cama. Quando ela saiu, fui com ela até o banheiro. Então ela começou a gemer daquela preguiça doída e eu disse ‘vamos Laura, escove os dentes logo’. Ela vira pra mim e faz um gesto com as mãos, a munheca quebrando pra baixo, uma, duas, três vezes, como quem diz ‘sai, vai embora, me deixa aqui sozinha que eu estou tentando sair desse estado letárgico e não quero ninguém falando na minha orelha’.
Eu sei que se pegar mais pesado, se forçar a barra, pode ser pior, ela encrespa , reclama, empaca. Pra não piorar as coisas, eu saio sem dizer nada, dando risada por dentro. Volto dali a 2 minutos. E o que encontro? A Laura escovando os dentes, lavando o rosto, como uma menina comportada? Não, claro que não. Lá está ela deitada sobre o banquinho da pia, enrolada como um caramujinho. Me seguro pra não soltar uma gargalhada. Jamais pensei encontrá-la desse jeito! Agora eu pergunto, dá pra ficar bravo com uma coisinha dessas?
desenho da família
Bê perguntou: ‘E essa, quem é essa?’
E ele: ‘A Dona Ismênia!’
‘Dona Ismênia? Quem é Dona Ismênia, Diogo?’
‘Ela mora no sétimo, ué!’
Pronto, gargalhada geral!
Preciso contar essa pra Dona Ismênia quando encontrá-la. Até ela faz parte de nossa grande família. Ela vai adorar saber disso. [Infelizmente a Bê não guardou o desenho. Adoraria ter visto esse!]
dicas médicas
maio 21, 2009
alergia
Medicado, saímos do consultório as 7 e meia, chegamos em casa as 8. MArio bateu um prato de macarrão e foi pra cama. Foi só um susto.
Sempre fui muito alérgico, mas de pele assim, nunca tive nada. Alergias do sistema respiratório, que enfim, sumiram com a maturidade. Paul Simon, aquele que foi parceiro do Art Garfunkel tem uma música chamada Allergies [segue a letra abaixo], tá lembrando? A letra é muito bem humorada e o ritmo uma delícia, pena que nao encontrei nehum video da musica.
Maladies
Melodies
Allergies to dust and grain
Maladies
Remedies
Still these allergies remain
My hand can't touch a guitar string
My fingers just burn and ache
My head intercedes with my bodily needs
And my body won't give it a break
My heart can stand a disaster
My heart can take a disgrace
But my heart is allergic
To the women I love
And it's changing the shape of my face
Allergies
Allergies
Something's living on my skin
Doctor pleaseDoctor please
Open up it's me again
I go to a famous physician
I sleep in the local hotel
From what I can see of the people like me
We get better
But we never get well
So I ask myself this question
It's a question I often repeat
Where do allergies go
When it's after a show
And they want to get something to eat?
Allergies
Allergies
Something's living on my skin
Doctor please
Doctor please
Open up it's me again
Maladies
Melodies
Allergies to dust and grain
Maladies
Remedies
Still these allergies remain
[Paul Simon]
tosse e dor de ouvido
Não me lembro de ter tanta dor de ouvido quando pequeno como tem meus filhos e outras crianças que conheço. Interessante isso, as gripes mudam bastante mesmo, de tempos em tempos.
lição de casa [13]
A lição dessa terça foi bem legal. A folha trazia quatro figuras – cadeira, torneira, televisão e porta – e pedia que as crianças contassem quantos daqueles objetos tinham em casa e depois representassem as quantidades ao lado da figura. Foi muito engraçado vê-los pela casa contando esses objetos. Depois desenharam o número direitinho. Ainda quiseram escrever por extenso, então tive que escrever pra que eles copiassem. Para variar, se divertiram muito.
maio 19, 2009
o que é isso?
O nome do filme é What is that? [O que é aquilo?, em português]. Mas eu pergunto o que é isso? Isso é o que eu sempre digo e tenho consciência. Amor de pai é incondicional. Amor de filho, não. E esse amor inclui carinho, paciência, dedicação, disponibilidade. Não importa que, como pai, ou mãe, se tenha dado tudo isso ao seu filho. Nada, nada garante que você recebera de volta aquilo de deu a seu filho. Não que o façamos para receber de volta, o amor incondicional não faz isso, não cobra, não pede. Fazemos porque essa é a força que move a relação com os filhos. Mas seria bom receber algo em troca, na velhice, isso seria.
O filme é de Constantin Pilavios, cineasta grego. Veja outros trabalhos do artista aqui. O blog dele está aqui, mas é em grego.
Foi meu amigo Nelson quem me enviou o filme. Fomos companheiros de faculdade e hoje nos vemos tão pouco por causa das dificuldades cotidianas que a vida impõe. Fiquei muito emocionado, chorei. É um belíssimo filme.
maio 18, 2009
mamãe chegou!
maio 16, 2009
sábado a quatro
De manhã fomos a Lagoa do Taquaral, talvez o parque mais popular da cidade e mostrei aos tri onde corro. Depois passeamos pelo parque, brincamos nos brinquedos do parquinho, na cama elástica. O grande momento do passeio foi andar de bondinho, um velho bonde elétrico que agora funciona a óleo [acho eu]. Quando íamos saindo do bonde, vimos o Davi, amigo deles da escola, com os pais e irmãzinha. Como eles tinham gostado muito da volta de bonde e queriam dar outra volta, encontrar o Davi, que já ia subindo no bonde, foi mais um motivo. Eles se divertiram muito. Na saída, lá pelas 11 e meia, os três estavam com fome e tomamos um lanche, com água de coco e biscoitos.
Dali seguimos para a quitanda pra comprar frutas e verduras. Os três me ajudaram a empurrar o carrinho. Então, quase uma da tarde, saímos dali com as compras e passamos num desses frangonetes pra comprar o almoço: frango assado e mandioca frita.
Chegamos em casa e dali a meia hora almoçamos juntos. Depois fomos a exposição do Santos Dumont designer aqui perto de casa, no Museu de Arte Contemporânea [dica dos pais do Davi]. Coisa rara, raríssima, um acontecimento pra crianças e adultos, gratuito e de alto nível. A concepção é do Guto Lacaz, um cara, no mínimo, singular [é possível ver o catálogo da exposição e mais coisas no site do artista]. Eles adoraram, mas não desgrudaram do simulador de vôo do 14 bis que parecia um joguinho de computador. De novo pra casa, banho, brincadeiras, jantar com TV, desenhos da Disney. 8 horas, todos na cama com direito a livrinho pra leitura.
Fiz o possível pra distraí-los. Acho que foi um dia legal. Eu adorei.
maio 14, 2009
tertúlia virtual de maio
lição de casa [12]
maio 13, 2009
silêncio na cidade
[clique na imagem para ver outras]
Agora, quer saber por que estou dormindo mais? Greve de ônibus. Pois é! Não vou nem discutir a legitimidade da greve por que acho que trabalhador tem o direito de reivindicar melhores salários. Desde segunda os ônibus estão em greve em Campinas e a cidade está muito, muito mesmo, mas muito mais silenciosa. Estou impressionado. Normalmente acordo às 5 da matina, com o primeiro ônibus que passa aqui em frente de casa. E depois que acordo, não durmo mais, porque aí começa a sinfonia dos ônibus, um atrás do outro, um mais barulhento que o outro. E pensar que só hoje associei o fato de estar acordando mais tarde com a greve de ônibus!
Vejas as notícias da greve aqui, aqui, aqui também, e aqui. Apesar dos transtornos causados à população em geral, dos casos de violência por causa da greve, de todos os problemas relacionados à falta dos ônibus, a cidade hoje está muito mais tranqüila, um pouco mais vazia do que de costume. Segunda e terça o trânsito ficou complicado, mas hoje, a cidade está calma. Acho que as pessoas já resolveram seus problemas de transporte com caronas, vans e outras soluções. Acho até que tem gente que desiste de fazer o que tinha que fazer, deixa de ir trabalhar por que não tem ônibus.
Agora, cá pra nós, é urgente que se resolva o problema de transporte coletivo em Campinas. Só pelo silêncio que estamos tendo esses dias da pra perceber que ônibus não resolve, pelo contrário, atrapalha e muito. [E eu que falava um pouco sobre isso ontem!]
Por coincidência, Laura dormiu muito melhor essa noite, tossiu uma ou duas vezes, só!
maio 12, 2009
semana atípica
Ontem fiz lanchinho rápido com eles num pequeno café em frente ao mercado. Pão de queijo e suco. Depois compramos pasta de dente, aquelas com super heróis, carrinhos, coisas do tipo, que eles valorizam tanto e groselha, uma preferência aqui em casa. Aproveitei e dei de presente uma caixa de cereal que eles adoram, que só é permitido nos fins de semana. Pequenos prazeres que distraem o coração.
maio 11, 2009
tosse [2]
É a primeira vez que ficam doentes em seqüência, normalmente pegam as coisas todos juntos, então é trabalho triplicado em período concentrado. Dessa vez tem sido trabalho individual extensivo. Lembro de quando contraíram o rotavírus. Aí sim, tivemos trabalho. Interessante que não apresentam outros sintomas, apenas muco, tosse e dor de cabeça. Nada de febre, dor de garganta, dores pelo corpo, nada. Acho que não correm o risco de contrair o vírus A (H1N1). Assim espero!
Nessa época do ano eles ficam mais propensos a contrair doenças respiratórias mesmo. E olha que fazemos um trabalho preventivo, aplicando soro pelo nariz pelo menos 3 vezes por dia, constantemente, sem trégua. Acho que é um dos preços a pagar por morar no centro da cidade.
maio 10, 2009
dia das mães [1]
Diogo, Laura e Mario e Octavio
dia das mães [2]
maio 09, 2009
aguenta!
maio 08, 2009
manhã de domingo no clube
maio 07, 2009
minha avó Martha 2
Nunca vi minha avó reclamando de nada. Quando mudamos pra Campinas, ela quis vir junto. Vendeu suas coisas e veio, sem falar nada. Adaptou-se suavemente, sem alarde, sem reclamações. Refez sua vida, montou seu apartamento, seu dia a dia. Tinha um apartamento confortável e morei com ela quando estudava na faculdade. Meus pais moravam num distrito na zona rural da cidade, para chegar ao campus da universidade levava em torno de hora e meia dentro de dois ônibus, contando a espera por um e outro. Então ganhei um quarto em seu apartamento de viúva no bairro mais central da cidade. E lá fiquei por 2 anos.
A convivência com ela era muito tranqüila. Eu levava minha vida de estudante, saindo cedo e chegando tarde sempre procurando não incomodá-la. Conversávamos muito. Nessa época escrevi pra ela um pequeno livro de poemas sobre meu amor por ela. Ela levava uma vida frugal e de certo modo excêntrica. Dormia tarde, fumava muito, não cozinhava. Não fazia de modo algum o estereotipo da vovozinha, cheinha, doceira, boleira. Nada disso, muito pelo contrário. Adorava um baralho e uma jogatina madrugada a dentro. E não dispensava a companhia de meus amigos e de minhas irmãs. Todos eles a adoravam e batiam altos papos com a vovó.
Minha avó Martha parecia um passarinho. Mas um tipo especial de passarinho. Acho que posso resumir as seis coisas básicas que ela precisava pra a viver.
Cigarro
Vovó era uma fumante inveterada. Fumava muito. E cigarros ruins. Minister, Free, esses venenos. Era coisa de família, sua mãe, Augusta, fumava e mascava fumo, e de um tempo em que o cigarro fazia parte da composição da personalidade, do charme, do toque a mais. Andava com uma bolsinha de cigarros que comportava o maço, o isqueiro e um apagador de cigarros. Nos últimos anos de sua vida, mantinha uma escarradeira ao lado da poltrona onde passava boa parte de seu dia.
Televisão
A televisão ficava ligada o dia todo, até altas horas da madrugada, quando ia dormir. Era viciada em televisão, especialmente nas novelas. Assistia a todas. Ficava tão envolvida com as estórias que chegava a conversar com os personagens. Era comum ouvi-la dizer ‘sua bisca’ pras personagens femininas de quem não gostava.
Tricô
Fazia tricô dia e noite. Trabalhos enormes, complexos. Usava agulhas circulares. Inventava pontos. Junto com a irmã Maria Rosa havia inventado pontos e padrões maravilhosos, quase rendas. Fazia chales, casacos, roupas de bebês muito bonitos. Davam aulas, tinham discípulas. À medida que tricotava, ia assobiando baixinho e, a intervalos regulares, levantava os olhos pra acompanhar as novelas. Fazia as duas coisas juntas, não sei como.
Baralho
Adorava um jogo de cartas. Isso desde os tempos de casada. Sua casa era ponto de encontro de amigos e conhecidos aficionados da jogatina. Naquela época jogavam de tudo, buraco, pif-paf, pôquer. Depois ela ficou só no buraco. Tinha uma memória aguda, sabia todas as cartas saídas do baralho, sabia a mão de cada um na mesa, era um azougue, como ela dizia. Seu maior adversário era meu pai, outro ótimo jogador, brigavam, brincavam, se adoravam, genro e sogra.
Café frio
Com o tempo desenvolveu esse hábito de beber café frio. Fazia café de manhã, tomava uma xícara morna e o resto do dia tomava goles de café frio.
Bis
Em sua casa não faltava Bis, esse chocolate que deve ter mais de meio século de idade, da Lacta. Ela não ia ao mercado comprar comida e sim Bis. Fazia cotação de Bis, perguntava o preço em outras lojas, solicitava que alguém pesquisasse outros preços. Passava o dia praticamente a café frio e Bis.
Ela nos deixou suavemente. Não sofreu muito mas já respirava com dificuldades em seus últimos dias. Enfisema. Depois que morreu fomos arrumar seu apartamento, juntar suas coisas, guardar suas memórias. Procurei pelo livro de poemas, mas não encontrei. Nunca mais o vi. Achamos coisas interessantes, achados quase arqueológicos. Entre tantas coisas, achamos extratos do Banco do Brasil dos anos 60 junto a um belo estoque caixas de Bis.
maio 06, 2009
minha avó Martha
Teve uma vida formidável, como ela mesma diria. Caçula de 7 irmãos [Bernardo, Filomena, Fausto, Floro, Maria José, Maria Rosa e ela, Martha], nasceu no Ipiranga em 1912, quando aquela área da cidade ainda era praticamente rural, eram as chácaras do Ipiranga. Aos 19 anos casou-se com Otavio, um militar do estado do Pará que largou a farda por uma carreira no Banco do Brasil. Viveram confortavelmente, tiveram dois filhos. Ele fazia tudo por ela, compras, administração da casa, tudo. Tiveram 2 filhos, um casal. Ela tocava violão, fazia tricô, jogava baralho. Nos anos 40, Otavio foi gerenciar o Banco da Borracha em Belém do Pará. Dessa época minha mãe, que foi para lá pequena, tem lembrança das frutas nas ruas.
Quando meus pais foram morar fora do país, em 1960, meus avós foram visitá-los. Meu avô, um paraense cabra macho, que bebia um ovo inteiro, casca e tudo, batido com uma caracu e ainda pingava limão nos olhos, teve um derrame fatal. Ele tinha 53 anos, ela 47. Não cheguei a conhecer vovô Otavio. Viúva, teve que aprender como se faziam as coisas mundanas do dia a dia. Nem cheque sabia assinar. Viveu bem o resto de sua vida recebendo a pensão do Banco do Brasil.
De sua casa em São Paulo, tenho boas recordações. Da horta no jardim dos fundos; da garagem que servia de área de serviço e tinha uma máquina de lavar roupas com um torcedor de roupas elétrico que eu insistia em por à prova com meus próprios dedos; do pequeno Lofi [nome que deriva de loaf, fatia, pedaço em inglês. Alguém deve ter achado que ele parecia um pedacinho de bolo quando filhote e o batizou assim], um Fox Paulistinha muito esperto; do jardim de inverno com cadeiras de ferro e couro de vaca que hoje estão na minha casa; do lavabo embaixo da escada de madeira; da minha alfabetização com minha madrinha na sala de jantar; da Babá, que fazia guloseimas deliciosas, ambrosias, pães de Ló, ovos nevados, que chamávamos e ainda chamamos de ovos levados.
Lembro também que aquela casa era palco das mais altas jogatinas e recebia democraticamente amigos de todas as tribos possíveis [sim, naquela época já haviam tribos, sim!]. Lembro-me do Cássio, parecia um conde, perna quebrada numa queda do ultimo vagão do trem quando voltava do carro restaurante. E do Assis, um velhinho, sempre de boina e echarpe para se defender da umidade fria de São Paulo. Foi nessas rodas de jogo que meu pai conheceu minha mãe, então uma menina de 16 anos, levado por seu irmão Marioto, já amigo do Lima, como era conhecido meu avô Otavio. Como meu pai casou-se com minha mãe, isso é outra história.
O fato é que ficaram tão amigos, meu pai e meus avós, que os velhos confiaram a filha a meu pai, então um rapaz. E o danado se dava tão bem com a sogra que era ela que, nas festas, levava [ou lembrava delas] as piadas a serem contadas. Meu pai contava uma e quando terminava vovó dava a deixa: ‘conta aquela do papagaio manco!’ E o velho: ‘Boa, Martinha!’
Quando eu tinha uns seis, talvez sete anos, isso lá por 1969, ela fez uma cirurgia. Tirou três quartos do estômago e foi proibida de fumar. Foi morar conosco no Brooklyn, na casa da rua Martim Francisco, 479, hoje rua La Place. Ficou lá por meses. E a danada fumava escondida no banheiro, menos de 15 dias depois de passar na faca. Nunca mais teve nada, nem um sinal de dor de estômago. E continuou fumando como uma chaminé.
[continua...]
maio 05, 2009
lição de casa [11]
Mais uma confissão, não gosto da veja, acho detestável. Uma revista que se acha o supra-sumo da informação mas que é de uma superficialidade acachapante. É feito a Globo, que também sofre do mesmo mal. Enfim, é a vida. Se a escola pede nas lições recortes de revistas...acho que vou num sebo qualquer angariar números atrasados a R$1!
a borracha
Eu perguntei por que. E ele:
‘Porque eu não respeito’.
‘E porque você não respeita, Mario?, Você sabe que tem que respeitar.’
‘É por que, por que, por que...’
O menino gago e eu já achando que ia descobrir alguma coisa séria... ‘por que eu perdi a borracha.’
‘Ah! Meu filho’, eu exclamo, aliviado, ‘isso não tem problema, pode conversar com a professora e explicar pra ela, ela ajuda você a procurar, se não achar, arrumamos outra, tá bom? Agora não fica assim, não, tá.’
Ele ainda relutou pra sair do carro e entrar na escola, mas com a ajuda da Talita, a professora auxiliar, ficou bem. Voltou pra casa feliz, tagarela como nunca, disse que a professora não tinha ficado brava com ele, que tinha conversado com a professora e arranjado uma outra borracha, sem problemas. Acho que foi um dia importante pra ele.
geraldinho [!?]
‘Pai, a mochila travou’.
A alça retrátil, o puxador da mochila ficou preso abaixado, e eu:
‘Ih! Travou, travou geral!’, enquanto fazia força pra destravar puxando a alça pra cima, já destravando. E ele, rindo mais ainda, depois de ver a alça arrumada:
‘Travou geraldinho!’
De onde esse menino tirou essa!?
maio 04, 2009
achei a resposta!
Não é demais essa animação? Mostrei para os trigêmeos e eles não queriam parar de ver. A realização da idéia é de Cassidy Curtis e Raquel Coelho.
maio 03, 2009
o casaco da Laura
Segunda-feira, friozinho de manhã, todo mundo de casaco novo. Legal, todo mundo agasalhado. Tomei o cuidado de identificar, como pude, escrevendo o sobrenome atrás do escudo do colégio, pela parte de dentro do casaco, caso um dos três esquecesse o casaco na escola.
Não demorou muito e pronto! Dito e feito! Não é que a Laura chega em casa sem o casaco na terça-feira?
‘E aí, Laura, você esqueceu se casaco na escola?’
‘Hum, pai, acho que sim...’
‘Ô Laura, casaco novinho...Tudo bem, amanhã você procura, tá bom?’
Escrevi um bilhete pra professora e pedi a ajuda dela pra procurar o casaco. Quarta-feira, na volta da escola, nada do casaco.
‘Ô, Laura, não achou o casaco?’
‘Não, pai, ninguém sabe onde está...’
‘Minha filha, casaco novinho, fiquei triste.’
‘Vou ficar sem casaco, pai? Você não vai comprar outro pra mim?’
‘Vamos esperar até segunda que vem, se não aparecer vamos ter que comprar outro, mas fiquei muito triste.’
Quinta-feira, a primeira coisa que a Laura me diz, antes de entrar no carro
‘Pai, não achamos o casaco.’
‘Ô, Laura, que pena, vamos esperar até segunda-feira.’
Chegando em casa, já mando todo mundo lavar as mãos pra almoçar, a Laura começa a fuçar alguma coisa na sua mochila e me chama:
‘Pai, vem cá’ e quando eu vou chegando ela puxa lá de dentro o casaco, dando uma risada bem malandra.
‘Achei o casaco, pai!’
‘Que bom, Laura! Onde estava?’
‘No casulo, pai’
‘Ah!, deve ser o achados e perdidos!’
‘Enganei você, né pai?’
‘Enganou direitinho, Laura.’
Ainda bem! Foi um alívio e tanto!
maio 02, 2009
penso, logo...escrevo - outro blog
Depois da 'polêmica' em torno do post de 'ponta cabeça', fiquei pensando que deveria ter um outro espaço para expressar o que penso sobre outras coisas da vida, além de ser pai de trigêmeos. Fui amadurecendo a idéia e então tomei coragem para me expor mais um pouquinho. Como sou um cara bastante crítico, tenho uma opinião sobre quase todos os assuntos, de política a futebol, de televisão a educação, de violência a reciclagem. Penso sobre as pequenas e as grandes coisas com a mesma intensidade e minhas opiniões são geralmente firmes.
Então, fica o convite pra quem quiser saber o que pensa o pai dos trigêmeos e trocar idéias em torno de um debate saudável. Apareçam no 'penso, logo...escrevo'.
Espero vocês por lá. Abraços.