Isso é coisa de índio. Sempre ouvi falar isso, acho que já li superficialmente sobre o assunto. Os índios se abaixam pra falar com as crianças, pra não diminuí-las, pra que elas se sintam como iguais aos maiores. Acho isso genial. Também não sei em profundidade, mas me parece que algumas correntes pedagógicas também adotam essa postura. Acho isso ótimo.
Eu sempre fiz isso, me sentava no chão, me agachava, ficava de joelhos, com todas as crianças, principalmente com meus sobrinhos e já se vão 14 anos desde que nasceu o primeiro. Agora eles estão ficando maiores do que eu, então parei de me sentar no chão pra conversar com eles. Com os trigêmeos não foi diferente e ainda não é.
As crianças percebem isso e valorizam as pessoas que as tratam com tal atitude. Elas se sentem mais próximas dessas pessoas, criam afinidades mais rapidamente, se sentem à vontade. Costumo avaliar pessoas que lidam com crianças por essa atitude. Certa vez entrou um auxiliar de classe nova na turma dos trigêmeos e na primeira vez que a vi conversando com as crianças, falei pra Bia: ‘Essa moça não vai durar uma semana, não leva jeito’. Ela não se agachava, ficava com o corpo dobrado pra frente, sobre as crianças quando ia falar com elas. Acho que pode parecer, pras crianças uma atitude um pouco intimidadora. Dito e feito, na semana seguinte já havia uma outra moça. A primeira professora deles não saia do chão, o máximo, sou fã dela. Nossa segunda babá, de que ainda vou falar aqui, se jogava no chão com as crianças, parecia um deles e tinha as crianças nas mãos, eles a obedeciam tranquilamente.
Bom, de tanto ficar no chão com os trigêmeos, sentado no chão com as pernas cruzadas feito índio ou ajoelhado no chão que comecei a ter problemas nos joelhos. Primeiro porque eu sentava com as cruzadas e as crianças sentavam no meu colo, então forçavam meus joelhos pra baixo. Sentia dores horríveis, fisgadas que me atrapalhavam até a andar. Isso passou porque não dá mais pra com três crianças de 17 quilos cada uma sentadas nas suas pernas. Depois, de tanto ficar ajoelhado, criei uns calos no joelho. Sabe Joelho de criança, áspero, grosso, meio ressecado e cinzento [eca!]? Pois é, hoje em dia meus joelhos são assim. Estou tentando resolver, passando uns cremes da Bia e da Laura, mas os calos continuam lá.
As dores nos joelhos me preocupavam e intrigavam. Gosto de enxergar o corpo como uma coisa complexa, em que o mental está ligado ao físico, um incidindo sobre o outro reciprocamente. Pode-se dizer uma visão holística e psicossomática. Então, quando eu ainda sentia aquelas dores, procurei por um livro que pudesse dar uma explicação sobre o significado de problemas nos joelhos. Encontrei um livro de um francês, Michel Odul, que oferecia explicações muito interessantes [Diga-me onde dói e eu te direi por quê, Campus].
Diz Odul: ‘As dores, os problemas mecânicos nos joelhos significam que uma emoção, uma sensação, uma idéia ou uma memória da nossa relação com o mundo não esta sendo aceita, esta até mesmo sendo recusada’. Cada joelho tem relação com um aspecto da vida. O joelho que mais me doía era o esquerdo. E aí vai: ‘Se for o joelho esquerdo, a tensão está relacionada à simbólica Yang [paternal]’. Não é incrível, não é fantástico? Claro que eu tinha que ter problemas nos joelhos, principalmente no esquerdo. Meu problema, no bom sentido, claro, era a paternidade, ser pai de trigêmeos, uma carga pesada que eu sentia, literalmente, sobre os joelhos. Depois que descobri isso, fiquei tranqüilo. Não ia ficar manco, não, era só uma questão de tempo.
Agora restam os calos que pelo jeito vão ficar aí por um tempo, como as marcas dessa paternidade tripla.
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5 comentários:
Os primeiros 'daycares' que as criancas foram por aqui tinham um monte de professoras que nunca 'abaixavam' na altura das criancas....o nosso 'daycare' favorito (de ate hoje!) foi escolhido por mim quando, ao entrar pra visitar - em todas as classes - as professoara estavam no chao!!!! concordo totalmente!
tambem os joelhos!!! puxa! quero ler este livro! vou procurar por aqui!!!
Opa!!! Muito legal!!! Obrigada.
Fico muito feliz de saber que muitas pessoas leem nosso blog, afinal esse blog que seria para a família, passou a ser daqueles tem como nos estão batalhando por seus sonhos...
Vejam bem vindo e sucesso nessa nova jornada.
Beijos
Mildred
Oi Octávio, qnt tempo, né?! Gostei muito do seu blog, adoro crianças e acho lindo qnd os pais tentam acompanhar os fihos ao invés de fazê-los acompanhá-lo, já q isso vai acontecer, não é?! Tenho certeza q eles irão retribuir todo esse amor. Grande abraço e curta muito todas as fases, pois passa tão rápido...
Mildred e Soraya, esperamos encontra-las em breve!
Soraya, tambem acompanho seu blog...
inte
Agradecemos a visita!
Vocês já enviaram os docs?
Já escolheram pra onde vão?
Abraços
Wagner, Gisa e Mirela.
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