janeiro 14, 2009

Presente de ano novo [ 1 ] – Beijo na represa

Um dos passeios de barco que fizemos na represa de Piracaia, no final do ano, foi até uma cachoeira. Uma delicia! Eu adoro cachoeira, desde moleque, quando passávamos as férias na fazenda de meu tio-avô Vitor, irmão de meu avo paterno, Mario. Eles eram muito parecidos. A primeira vez que fui a fazenda, com doze anos, fui de Kombi com o vovô Vitor, sentado ao lado dele no banco da frente. Eram 60 km de Brasília, uns 30 de estrada de terra, uma viagem e tanto. Foi só começar a viagem pra eu sentir que estava ao lado do meu avô Mario. Vovô Victor passou o braço por trás dos meus ombros, pegou na minha orelha e ficou fazendo ‘festinha’ no lóbulo, aquela parte gordinha onde se fura pra por brinco. Exatamente igual ao meu avô Mario fazia. De arrepiar!

Vovô Vitor tinha duas fazendas vizinhas, enormes. Uma chamava-se Santa Isabel e a outra...a outra...Taquari? Taquara? Será? Não sei mais...lembro que pra ir de uma a outra, a cavalo, eram bem umas duas horas de caminho e passávamos por um campo de mostardas e chegando lá tinha uns pés de carambola sensacionais.

A Santa Isabel tinha duas cachoeiras. Eram maravilhosas e pra meninos entre seus 12 e 15 anos era aventura pura. Não posso deixar de dizer que vovô Vitor teve 13 filhos e uns 50 netos! Imagina a fazenda como ficava! E tinha cavalo pra todo mundo! Saímos em bando por horas a fio, soltos pelo cerrado! Era sensacional! Passávamos um mês de férias na fazenda e acho que íamos diariamente à cachoeira. A segunda cachoeira, um pouco mais longe, descobrimos numa das férias. A queda d’água era maior, o poço era maior, acho que era mais bonita. Talvez tenha sido a ultima vez que passei férias na fazenda.

Depois, por anos, passava minhas férias meio hippies em Visconde de Mauá, Maringá e Maromba, na divisa entre Rio, São Paulo e Minas, na serra da Mantiqueira. E dá-lhe cachoeira! E em Ubatuba, sempre que da, procuro uma cachoeira, principalmente a da Casa da Farinha na praia da Fazenda.

[todos prontos antes da saida de barco para a cachoeira. O fortinho de sunga preta e o primo Gabriel pequeno. Mario esta a seu lado.]

Essa cachoeira da represa me surpreendeu. O cunhado disse pra ir sem muita expectativa e fui sem nenhuma. A queda d’água é bem alta e a água cai na represa, só dá pra chegar a nado mesmo. Bem bonito o lugar. Acho que ficamos uns 30 ou 40 minutos ali e eu não sai da água. Chamei os filhotes pra ir pra baixo da cachoeira comigo, mas só o Mario foi. Adorou e voltou mais duas vezes.

Num certo momento ele veio nadando até mim, uma expressão de satisfação, um sorriso franco nos lábios, me abraçou, me deu um beijo no rosto, olhou com os olhos brilhantes dentro dos meus olhos. Eu o abracei de novo e s’o pude dizer obrigado. Mal sabe ele que foi um dos maiores presentes de ano novo que recebi.

2 comentários:

Ana Guilger disse...

Octavio....

que saudade dessas crianças, de vc e da Bia tb...

periodos de aulas se passaram, eu nem sempre entro em contato.. mas acho que vcs todos terei sempre no coraçao. Professores, alunos, familias.. todos todos todos...

obrigada por tudo...
Analice

Soraya Wallau disse...

Oi Octavio, não consigo terminar de ler o seu blog de olhos secos, sempre fico emocionada com as suas palavras sobre os pequenos. Esse blog é um grande presente para nós leitores e um presente lindo para os pequenos, eles vão se orgulhar muito em ler as suas palavras. Bjão pra vc e pra Bia!