[Dr. Andre e seu pai trazendo a luz os trigemeos]
Desde a segunda consulta, eu acompanhei a Bia a todas as outras. Acho que não faltei a nenhuma. Sei lá quantas foram, uma a cada 15 ou 20 dias, umas 16 consultas. Será? Bom, não importa. No início eu era um mero coadjuvante, acompanhando a Bia, que o Dr. André conhecia a anos. O que acontece é que você vai criando um vínculo com o médico. Há pelo menos 2 momentos numa consulta em que o futuro pai fica sozinho com o médico: quando a grávida vai trocar a roupa para o exame e quando vai se vestir depois do exame. Nesses espaços de tempo, entre 5 e 10 minutos, também não interessa saber com precisão, eu ficava lá com o Dr. André.
E ele ia falando coisas, ia dando toques, perguntando como eu estava. Na verdade acho que ele ia me preparando para o que viria pela frente, sempre aos pouquinhos. ‘Daqui a pouco vai ser assim’, ou ‘Em dois meses passou essa fase’ ou ainda aquele discurso que acho que já contei ‘Agora todo cuidado é pouco, não pode bobear, senão perdemos tudo o que fizemos até agora’. Lá pelo meio da gravidez da Bia, eu já ficava esperando o dia da consulta com ansiedade, porque o Dr. André era uma espécie de cúmplice, um confidente. Ele participava intimamente do processo todo e eu podia contar a ele o que estava se passando comigo, fazer minhas confidencias que eu não podia fazer pra mais ninguém. Afinal, ele sabia o que eu estava passando, passo a passo. Acho que ele fez um trabalho e tanto [não só com a atriz principal, Beatriz, mas com o coadjuvante também, o papai aqui], super profissional e super carinhoso ao mesmo tempo. Muito franco, aberto, direto, mas sempre como muito cuidado e cautela.
Claro que eu me divertia bastante com ele também. Ele é uma figura engraçada. Alto, deve ter em torno de 1,90, magro, praticante de corridas de longa distância como maratona e outros enduros, ou seja, um atleta de alta performance, nas horas vagas. Curioso como alguém que é medico e enfrenta situações cotidianas no mínimo delicadas [pra não dizer estressantes], pois trata da vida, da tênue linha que separa a tristeza da felicidade, encontra distração em esportes que exigem altíssimo rendimento e preparo físico extremo. Mas, como eu ia dizendo, me divertia com ele. Não que ele contasse piadas nas consultas, talvez tenha contado uma ou duas, mas o jeito dele falar, quando ficava um pouco mais ansioso ou apreensivo, me fazia dar boas risadas depois.
Na sala de parto, fiquei impressionado com sua tranqüilidade e com a grandeza de sua tarefa. Rapaz, trazer vidas ao mundo é uma coisa incrível! É algo quase de outro mundo! Eu fiquei observando o trabalho dele e do pai [pois é, os dois são obstetras e trabalham juntos, não é demais?] e achei uma coisa maravilhosa, admirável. Eu jamais havia pensado antes o que significava ser médico, especialmente um médico que ajuda a dar a luz, a colocar criaturas no mundo. Isso é muito emocionante, forte. Acho que é a área agraciada da medicina porque lida com as esperanças do futuro, as perspectivas de uma nova vida, os sonhos, os desejos, os anseios em potência naquele novo serzinho que inicia sua aventura pela vida.
Tenho uma grande admiração e um carinho muito grande pelo Dr. André. Jamais pude agradecer a altura o que ele fez por nós, especialmente pela Bia e pelos trigêmeos. Ele se tornou um amigo, um grande amigo, meu e de toda a família. Recentemente eu o encontrei num sábado de manhã. Convidei-o para um café para colocarmos os assuntos em dia e, apesar da minha insistência para pagar, não consegui. Ele estava, como sempre, com o astral elevado, animado com seus novos projetos e viagens de atleta mundo afora. Fiquei feliz e emocionado em revê-lo. Afinal, ele tem um papel importante na história desses trigêmeos!
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