maio 21, 2008

Os trigêmeos enfim reunidos

[Diogo, Laura e Mario]

Depois de quase dez dias de visitas diárias à maternidade, finalmente chegou o dia de levar o Diogo pra casa. Acho que era dia 17 de abril. Talvez tenha sido o dia de maior alegria dos primeiros dias, se é que se pode destacar um fato quando se está mergulhado num oceano de felicidade. Chegamos em casa com ele e reunimos os três. A macacada reunida. Tem uma música com esse refrão e eu cantava sempre que chegava em casa. Só o refrão porque não sei o resto. Apesar de gostar de música e ser bem afinado, sou ruim de guardar as letras.

Bom, com todo mundo em casa, começaria de fato a nossa maratona. Aí sim o oitavo andar do edifício Ceres abriria para funcionamento 24 horas. Diariamente tínhamos uma agenda a cumprir. As auxiliares eram 2. Uma babá, a Carioca, que já havia trabalhado com a Bia no hotel e a Elázia, encarregada dos serviços gerais. Na verdade elas faziam o que fosse necessário, uma ajudava a outra, ou as vezes uma atrapalhava a outra, mas o importante era cuidar das crianças e garantir o conforto delas. Fora isso, recebíamos uma terceira ajudante 2 vezes por semana para passar roupa e fazer uma faxina pesada onde fosse necessário.

[Elazia e Erlane (Carioca)]

Minha mãe, a vovó Guguta, mudou de mala e cuia pra nossa casa e só saiu depois de 4 meses. Além de orientar as nossas ajudantes nos cuidados com os bebês, ela passava a noite nos ajudando com as mamadas. A vovó Maria, mãe da Bia, vinha todos os dias a tarde pra dar uma mão. E as visitas que apareciam acabavam ajudando, não tinha jeito. Era botar o pé no apartamento e logo sobrava uma criança no colo, uma mamadeira, uma fraldinha pra trocar.

O movimento era tão grande, era tanto entre e sai de gente, eram tantos turnos que precisamos organizar uma tabela com o que estava acontecendo com cada criança. Comprei uma lousa branca, pintei com tinta esmalte uma tabela com os nomes dos 3 e íamos marcando os horários das mamadas, das trocas de fraldas de xixi e coco e do complemento de ferro que eles tomavam diariamente. Isso funcionava muito bem e dava pra saber quanto cada um estava tomando de leite, por exemplo. E as mamadas eram incrivelmente pequenas, coisa de 10 ml, 15 ml por vez, por cabeça. Eles mamavam e logo caiam no sono.

[xx = xixi; cc = coco; PD, PE = peito direito/esquerdo; horario; quantidade ml]

Nós tínhamos que acordar de 2 em 2 horas pra dar o leitinho deles. Dávamos uma mamadeira as 10 da noite e íamos pra cama. Então acordávamos no mínimo 3 vezes por noite: a meia-noite, as 2 e as 4 da madrugada. As 6 horas da manhã eu já estava pronto pra sair de casa. A cada mamada era uma troca de fralda, pra garantir o mínimo de conforto e evitar vazamentos indesejados que dariam trabalho pra trocar a roupinha deles e talvez a roupa de cama. Vez ou outra um dava uma golfada daquelas que deixa um cheirinho azedo que...nunca pensei que diria isso, mas dá uma saudadezinha desse cheirinho...

Nos 40 primeiros dias, Bia dava o peito alternadamente para cada um dos três. A cada mamada um era o escolhido pra ficar com a mamãe. Mas não era fácil, era estressante pra ela e eles começaram a cahr mais fácil tomar da mamadeira. Sem problemas. Eu comprava latas e latas de leite NAN, o negócio ficava caro. Meus fornecedores eram o Makro e uma farmácia perto do Bosque [bairro de Campinas] que era conhecida por oferecer um bom preço pra esse leite. Acho que foi uma maneira que o dono encontrou de ajudar as pessoas que precisavam comprar esse leite, uma ação humanitária. O preço dele era imbatível.

Contrariando as recomendações do fabricante, que diz que a preparação deve ser feita imediatamente antes de tomar o leite, nós preparávamos a quantidade necessária para as mamadas da noite e para as mamadas do dia. Na lata vem prescrita a relação entre medidas do pó e água. Fiz o cálculo de acordo com o tamanho de umas jarras com tampa de rosa que comprei, misturávamos, chacoalhávamos e deixávamos na geladeira. As mamadeiras da noite ficavam encima da cômoda, no quarto dos tri.

[vovo Maria e vovo Guguta preparando as mamadeiras]

Dá pra imaginar como ficamos, Bia, vovó Guguta e eu. Uns cacos. Bia ficou em casa nos 4 primeiros meses, mas eu ia trabalhar. Apesar de ficar praticamente acordado a noite toda, uma energia extra apareceu não sei de onde e fui tocando a vida em frente. A única coisa que não deu pra mexer nesses 4 meses foi na tese, o quarto filho. Mas essa era nossa tarefa principal. E pra que isso funcionasse no azeite, tínhamos um planejamento, uma certa logística. Caldeirões pra escaldar os utensílios, as 24 mamadeiras, recipiente para guardar tudo. Era um arsenal de coisas.
E estabelecemos horários pra tudo: banho, passeio, banho de sol e por ai vai. Desde o inicio os trigêmeos faziam tudo no mesmo horário. Do contrário, ninguém agüentaria.

2 comentários:

R disse...

Nossa Octavio, você pode dar aula hoje de Planejamento! rsrs
Bjs

O Lacombe disse...

Eh, Re, acho que posso mesmo. Arquitetos sao tambem planejadores urbanos, entao, como somos meio metidos, achamos que podemos planejar qualquer coisa. No final, ate que funcionou bem.