Pelo jeito acho que já deu pra perceber que tivemos trigêmeos. Pois é, três de uma vez! Não fizemos nada pra que isso acontecesse, nenhum tratamento, nenhum projeto especial. Nada. Quer dizer, nada especifico para conceber três de uma vez. Talvez tenhamos feito algo antes, talvez em outras vidas, pra pagar agora cuidando de três. Tenho um amigo que diz que eu devo ter matado muito passarinho quando era moleque. Sei lá, que eu me lembre não, talvez em vidas passadas. Minha infância foi bem urbana, na São Paulo dos anos 60 e 70.
Claro, não vá pensando que não nos sentimos gratificados com essa dádiva, mas que é difícil pacas cuidar de três de uma vez, isso não dá pra negar. Como tudo na vida, ter trigêmeos tem o lado bom e o lado ruim. Na verdade, nossos planos eram ter apenas um e, quem sabe, numa possibilidade muito remota, ter mais um. Sabe como é, a vida esta difícil, dar uma vida confortável pra um só já é difícil, imagina pra dois. Três então, nem se fala. Casamos tarde, maduros e não estávamos pensando em abrir mão de certos confortos que tínhamos conquistado com anos de trabalho, começando carreiras tarde, por baixo, pra subir alguns degraus que nos dessem alguma liberdade.
Não que não gostássemos de crianças, pelo contrário. Eu, particularmente, adorava, sempre adorei, adoro crianças. Antes de ser pai, fui tio de dez sobrinhos, todos encantadores. Hoje são doze sobrinhos, quatro de um lado, oito do outro. Sempre brinquei muito com todos eles e minhas irmãs brincavam comigo dizendo que as crianças deviam me enxergar como um ser verde, por que eu exercia certa atração sobre elas (o que não se aplicou muito bem aos sobrinhos do outro lado, da minha mulher). Era só eu chegar que corriam pra cima de mim. O primeiro dos sobrinhos foi o Guilherme, que hoje é pré-adolescente. Filho da minha irmã caçula, foi o primeiro dos netos de meus pais. Quando ele nasceu, eu havia acabado de voltar de uma jornada pela Europa, com uma mão na frente e outra atrás, meu pai havia morrido recentemente, a Guy (minha irmã) era recém casada e o Fernando, o marido, ainda estudava medicina. Morávamos todos juntos na casa de minha mãe. Acabei sendo escolhido para padrinho do menino (sou o único irmão da Guy e o Fernando tem dois, então acho que ficou fácil decidir assim, pra minha sorte) e fazia de tudo com ele. Levava-o pra passear, dava comida, tomava conta. Só não fazia uma coisa, que eu não cansava de repetir que só faria com filho meu: trocar fralda.
Eu me perguntava, desde o começo, dos primeiros exames e durante toda a gravidez. Continuo me perguntando sempre porque eu mesmo? Por que isso aconteceu comigo? Não sei, não cheguei nem perto de uma resposta plausível, convincente. Acho que vou encontrar essa resposta na minha própria vivência, a medida que a minha própria vida com os trigêmeos for fazendo sentido, for se concretizando. Mas pode deixar que eu vou contando como tudo aconteceu e isso pode fazer sentido pra cada um que lê. Pode deixar que eu conto minhas peripécias com as fraldas um pouco mais pra frente. Mas antes tenho que contar muitas coisas, como, por exemplo, como foi a gravidez da Bia e como convivi por longos meses com aquele barrigão!
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4 comentários:
Otavio,
Que idéia feliz!
Cada vez que a gente relembra as coisas, parece que elas vão se organizando.
Boa "viagem" e beijos à família!
Tete, Mario e Martim
Amei o blog, me diverti... muito verdadeiro e emocionante!
Parabéns!!!
Beijo,
Marina (Assumpção)
Teresa,
fico feliz de saber que voces passam por aqui.
beijos em todos.
Marina,
que bom ver voce por aqui.
beijos
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