Foi muito bom chegar em casa com as crias. Finalmente a família reunida em sua toca. Mas também não vou negar que o começo foi muito difícil. Os dois que saíram do hospital conosco eram pequenos, em torno de 2 quilos, esse foi o limite colocado pelo hospital pra gente leva as crianças pra casa. Apesar disso, o Mario saiu com 1 quilo e 900. Pois é, um cisco de gente. E fomos nós, com a cara e a coragem.
A nossa estrutura era a seguinte: duas ajudantes, uma babá oficial e uma para serviços gerais. Na prática, as duas faziam de tudo. Alem disso, as duas avós estavam lá diariamente. Minha mãe mudou lá pra casa e saiu só depois de 4 meses. Bia ficaria em casa nesses 4 primeiros meses, de licença maternidade. Eu voltaria a trabalhar logo na primeira semana. Logo, fomos montando nossas estratégias de como lidar com a ninhada da maneira mais prática possível. Fui logo comprando coisas por atacado: 6 mamadeiras pra cada um, 2 chupetas, fraldas e mais fraldas de pano, latas e latas de leite. Fraldas, compramos poucas. Lembra-se? Ganhamos um estoque para cerca de 4 meses no chá das fraldas.
A primeira semana foi relativamente tranqüila. Laura e Mario não davam trabalho, dormiam bem, não choravam e Bia conseguia dar o peito pros dois. Nós também dormíamos muito bem. Íamos diariamente visitar o Diogo, que ficara na maternidade. Eu voltei a trabalhar e, efetivamente, foi uma semana mais de oba oba do que de trabalho de fato. Meio tresnoitado, eu ia feliz para o trabalho, orgulhoso da prole. Na volta, dava uma passada para ver o Diogo. Ele ia ganhando peso e a previsão era de que sairia do hospital em 10 dias. Estávamos felizes tudo andava bem.
Até que chegou o dia de ir ao pediatra. Fomos nós, felizes e pimpões. Entramos na sala, o pediatra pergunta como estávamos, como ia a lida e tal. Nós, felizes da vida, dissemos que as crianças estavam ótimas, que não davam trabalho, que dormiam muito bem. Então vamos examinar a Laura, diz o pediatra. Aperta dali, vira, cutuca, olha, check up geral, ok. Agora, vamos ao Mario. E a mesma coisa, vira e revira o moleque, ok. Então ele se vira pra nós e diz: ‘Não quero assustar vocês, mas as crianças estariam ótimas não fosse a pouca alimentação.’ Nós arregalamos 2 olhos, não 4 olhos: ‘Mas como? Eles mamam direitinho...’ O pediatra, com a maior calma: ‘Eles estão dormindo bastante e não choram porque estão sem forças...na verdade, eles estão apresentando um certo estado de subnutrição.’
Dá pra imaginar a ducha de água gelada que levamos. Eu queria morrer. Nossa, mais um a semana esses dois estaria desnutridos. Dois incompetentes, irresponsáveis, como é que pode deixar duas crianças nesse estado?! Recomendação do pediatra: mamada de 2 em 2 horas, sem choro nem vela, pelo menos nos primeiros 4 primeiros meses. A partir de então, nossa casa funcionou, literalmente 24 horas por dias, sempre tinha uma luz acesa, alguém acordado, alguma atividade acontecendo.
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8 comentários:
Otávio, aqui é o Sergio Righetto, colega de faculdade da Marta, e também parceiro de pedal (e as vezes tbem de trabalho) do Rogérião Scurciatto, por quem soube dos seus trigêmeos, ou melhor, tri-tesouros - também tenho tres, mas que vieram a cada cinco anos em média - que bela empreita essa tua, com toda essa emoção de uma só vez. Creio que será assim pelo resto da vida. Parabéns e que Deus abençoe a sua bela família.
Sergio
ps- voce já deve ter ouvido inúmeras histórias dessas, mas certa vez trabalhei com uma agrônoma Argentina, a qual perdi contato depois que ela voltou p/lá, cuja situação era de emoções mais fortes ainda, pois já com 2 criaças pequenas, na tentativa de ter o 3o. filho ela ganhou trigêmeos e resultou com 5 filhos sadios. Ufa!
Putz...não consigo me expressar...já comecei escrever umas três vezes e...apago e começo tudo de novo!
Queria estar ai pra dar um abraço forte e saudoso e dizer da minha torcida por vcs...faz tempo que não nos vemos mas o respeito e amizade continuam os mesmos de sempre e ...quem diria, uma vez mestre, mestre pra vida toda em chefe!
continuo aprendendo...ou vc ensinando!
Adorei ler cada capítulo e o que mais emociona dentra tantas outras é ver tanta gentileza...
Não se preocupe com nada meu veio...o mais importante vc esta fazendo, ensinando desde já os teus e quem estiver por perto acompanhando que a palavra de ordem é GENTILEZA, que transborda pelo seu texto.
Satisfação poder conferir que marido e paizão legal vc se tornou... manda um bjão pra Bia e pras crianças.
grande abraço e...no final quero um exemplar autografado!
kako braga
Oi meu querido amigo e professor!!!
Que delícia poder acompanhar um pouco da sua vida de pai de trigêmeos e poder ver como eles estão cheios de saúde e muito lindos!!!
Com certeza essa é uma aventura que merece ser registrada e com seu olhar e sua sensibilidade na escrita fica ainda mais gostoso de acompanhar!
Já mostrei pra todo munda aqui do trabalho!"Olha aqui o meu querido amigo, sua esposa e seus pequenos..."
Espero vc a Bia e os trigêmeos pra uma visita aqui no Rio!!!
Muitas saudades
Bjs a todos
Ola,
Sergio. Legal ter voce como leitor. Depois do susto eu criei bastante juizo e logo fechei a fabrica...nao a pra ficar dando sopa pro acaso...
Obrigado pelas palavras, abracos
Kako,
que bom ver teu comentario. Fiquei muito emocionado. Na verdade quem aprendia o tempo todo com voce era eu...
Muitas saudades,
forte abraco,
Octavio
Querida Mariana, muitas saudades.
fico feliz em ter encontrado uma maneira para os amigos poderem acompanhar minha experiencia.
Nos aguarde ai no Rio!
Grande beijo.
Oi Otávio, comecei a ler seu blog, e ja tentei te escrever algumas vezes...
O modo com que coloca e observa as coisas são de uma sensibilidade emocionante, um ângulo de vista ímpar que só poderia vir de pessoas como vc!
Agora que estou grávida, com 7 meses (menino)...leio, sinto e me emociono ainda mais com cada palavra sua...como é fantástica a sensação de gerar filhos, não é?
Obrigada por compartilhar essas estórias...estou aprendendo um monte também...rs
Abçs
Zizi
(Annelise)
Zizi,
Parabens pelo menino que vem ai!!!
Gerar filhos eh um milagre...
Cria-los e educa-los um aprendizado constante.
[]apertado,
Octavio
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