Bom, dá pra imaginar como foram as reações das pessoas a essa notícia. Se nós estávamos meio incrédulos, imagina os outros. Se nós ainda não tínhamos nos acostumado, enfrentar o que os outros diziam era o começo de uma aventura que sequer havíamos imaginado que iríamos trilhar. Na maior parte do tempo nos divertimos muito com tudo. Mas eu que gostava de uma atitude ‘low profile’, discreta, que não gostava de chamar muita atenção, tive que mudar muito, muito mesmo.
A família ficou pasma! Ninguém acreditou, todos ficaram muito preocupados, foi uma loucura! A primeira pessoa que soube foi minha sogra. Ela estava com a Bia fazendo o ultrassom que confirmou os trigêmeos. Não vi a expressão que ela fez, mas adivinho, porque já vi essa expressão de espanto que ela faz quando as coisas a pegam desprevenida. Seus olhos se arregalam um pouco, parece que ela olha através das coisas e ai ela fala: ‘hein!!!’ Pois é, no primeiro momento a sogra ficou bem preocupada. Ficou assim por alguns dias, sem nem falar direito, o que pra mim era um espanto.
No dia do ultrassom, passou por lá o irmão da Bia, também médico. Passou lá pra dar uma forca pra irmã, apoio moral, ficou na sala por um tempo. Ele já estava preocupado com a idéia de gêmeos, imagina com trigêmeos. Ele falou pra Bia, acho que mais pra tranqüilizar, dar uma acalmada nela, que estava meio tensa: ‘fica tranqüila, trigêmeos só com tratamento, não tem jeito, você não vai ter três não’. Depois de confirmada a gravidez tripla ele ficou meio quieto, como é seu costume. Mas depois de um tempo dava risada.
Minha mãe chorou, assim como minhas irmãs. Não é uma reação muito estranha em minha família. Elas choram mesmo, até em bolinho de aniversário de criança, em qualquer filminho água-com-açúcar, em qualquer despedida por mais de uma semana. Choraram dando risada, sabem como é isso, né? A reação digna de nota mesmo foi a do meu cunhado, todo machão. Eu já estava casado há quatro anos e nada de filho. Minha irmã mais velha ficara casada cinco anos e nada de filho. A outra, depois de cinco anos sem filho, começou a fazer umas simpatias naturais, no mínimo estranhas, pra não dizer que algumas eram hilárias. A que mais marcou foi o tal banho de banheiro com nabo. É! Ela entrava na banheira com um monte de nabo boiando e dizia que isso ajudaria a engravidar...e não ‘e que ajudou? Alguns meses depois ela engravidou e, claro, dizíamos que o filho era do nabo! Mas voltando ao cunhado macho, ela namorou minha irmã caçula doze anos antes de casar. Desde que eles tinham doze anos! Dá pra acreditar? E na família dele havia uma tradição das pessoas casarem grávidas. Lógico, ele seguiu a tradição e eles casaram grávidos! Então ele (e a família dele, de quem somos muito amigos, são muito divertidos) achava que na minha família não tinha macho, que ninguém sabia fazer filho e falava um monte, tirava o maior sarro de mim, dizia que minha p.... era fraca. Bom, não preciso falar mais nada, né! Quando ele ficou sabendo que eu ia ser pai de trigêmeos, ficou na dele e quem tirava sarro era eu, perguntando: ‘quem tem p.... fraca?’
Meus amigos na universidade ficaram espantados! Davam risada, ficavam repetindo: ‘trigêmeos!... trigêmeos!... trigêmeos!...’ Esse foi o assunto por uns bons meses na escola. As pessoas queriam saber o que nos tínhamos feito, como é que foi e parará parará. Davam risada, faziam piada, me chamavam pra falar umas coisas. Um professor, grande amigo, deu logo o apelido de ‘ninhada’ pros futuros bebes. As professoras e as secretarias se emocionavam. Todas vieram falar comigo e me olhavam com aqueles olhos de ternura de mãe ou de futuras mães, aquele olhar comprido que só as mulheres têm.
Para algumas era inconcebível alguém gerar trigêmeos de forma natural, sem tratamento. A primeira pergunta que faziam, ao saber da gravidez tripla era exatamente: ‘vocês fizeram tratamento?’ Quando ouviam não como resposta, ficavam espantados e alguns ficavam totalmente incrédulos. É compreensível, numa época em que muitos recorrem a tratamentos para engravidar e acontecem muitos casos de gravidez múltipla, uma gravidez assim natural é que parece a coisa estranha. E é mesmo, a estatística de ocorrência de trigêmeos é de uma gravidez em um milhão ou perto disso. Até hoje encontro um amigo de meu pai, um sujeito muito falante e engraçado, que deve estar na casa dos setenta anos e que a brincadeira dele é essa, comentar a gravidez dos trigêmeos. Todas as vezes que eu o encontro ele fala: ‘mas e ai, que tratamento você fez?’ ou ‘conta a verdade, pode falar que fez tratamento, não conto pra ninguém!’ ou ainda: ‘você não tem cacife pra isso, três de uma vez, sem ajuda!?’ E sai dando risada. Acho que tem gente que não acredita mesmo, fazer o que?
É, nem tudo foi só divertido. Ouvi muita piada de mau gosto também. Mas isso é outra história... E as reações foram mudando da notícia para a barriga da Bia, que ia crescendo a olhos vistos. E isso também é outra história...
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8 comentários:
Octavio, bem vindo a blogosfera!
Adorei o seu jeito de escrever, viu? Pode deixar que vou voltar sempre! ;-)
Thelma,
que legal voce ter visitado o blog.
Apareca sempre por aqui porque gosto muito doce!
Octavio
Boa sorte com os bebês!
Caramba, três de uma vez, hein?
Ravi,
nao eh bolinho nao!
meu cabelo ficou branquinho...
Muito bom
Adorei o blog!
Olá Octavio!
Estou grávida de trigêmeos e ler seu blog é muito confortante. Vcs passaram exatamente o que nós estamos passando: medo, alegria, dúvidas, reação das pessoas...e felicidade.
Estarei sempre acompanhando vcs!
Parabéns pelos trigêmeos e pelo blog, que é muito bem escrito e mostra um lado diferente e divertido da visão masculina.
Bjs para todos!
Melissa
Eu vou engravidar de trigemeos artificialmente e estou um pouco tenebrosa com os sintomas pós-fertilização e por ser virgem se terei filhos de parto normal. Porém não quero ter de parto normal, mais sim cesareo, pq pelo que assistir dói demais.
Octavio descobri seu blog agora atraves do MMqD e estou amando, lendo desde o primeiro post para me familiarizar e curtir toda a historia. Parabens pela bela escrita, conforme for sentindo vontade vou deixando meus comentario. Obrigada por partilhar suas historias. Abraco Ana
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