junho 06, 2008

Papinhas no atacado

Com 4 meses introduzimos outros alimentos: legumes, frutas, sucos, cereais, carnes. Logo na primeira experiência percebemos que teríamos que trabalhar em escala de produção. Não era apenas fazer uma papinha por dia e pronto. Tínhamos que ter quantidade e variedade com qualidade. Na verdade o que estávamos enfrentando era uma empresa que nasceu grande. Eu ia ao CEASA e ao Makro uma vez por mês e comprava tudo no atacado. Num primeiro olhar poderia parecer muita quantidade, mas tudo que eu comprava era consumido, tudo! A perda era mínima.

Estabeleci o dia das compras que, se não me falha a memória era na terça-feira. Eu saía cedo, ia ao Ceasa e comprava uma caixa de banana prata, uma caixa de laranja lima, caixas de outras frutas da estação, como manga, goiaba, pêra, maça, uma melancia, 3 quilos de abrorinha, cenoura, batata, mandioquinha, beterraba e outros legumes. Eu gostava de fazer isso. Procurava as bancas com frutas mais bonitas, com o melhor preço e, eventualmente me tornei freguês de uma ou outra banca. Depois de um tempo, passei a almoçar no CEASA, num daqueles restaurantes que tem por lá. Comida simples, mas bem feitinha, contra filé, arroz, feijão, farofa e uma verdura. Dali eu seguia pro Makro, pra comprar arroz, feijão, leite, fraldas e todo o resto necessário pra manter a casa durante o mês. O porta malas do Doblò ficava abarrotado.

Chegava em casa e tinha que arrumar tudo, guardar, estocar. Adaptei uma cesta presa nos pés da nossa mesa da cozinha, rente ao chão. Foi uma sorte achar uma cesta que encaixasse ali, justa, do mesmo tamanho. Ali colocava a caixa de laranja. Na lavanderia tínhamos um frigobar antigo onde guardávamos legumes e verduras. As outras frutas guardávamos nas fruteiras da sala.

Acho que o mais legal de tudo era fazer as papinhas. Bia e eu passávamos umas 2 noites preparando várias combinações de papinhas que acondicionávamos em diversos potinhos para serem congeladas. Refogávamos os legumes, cozinhávamos as carnes, preparávamos todos os ingredientes. Então misturávamos cenoura e abrobrinha com carne, beterraba, mandioquinha e frango e por ai vai. O freezer ficava abarrotado. Enquanto preparávamos tudo isso, geralmente à noite, conversávamos um monte de coisas, falávamos do nosso futuro, do futuro das crianças, das nossas vidas profissionais.

A criançada comia tudo, tudo. Na reclamavam de nada, gostavam de todas as combinações que fazíamos. Com o tempo as papinhas passaram de pastosas a granuladas e depois ganharam pedacinhos que foram aumentando pouco a pouco. Era gostoso prepará-las, especialmente junto com a Bia. Era um momento a dois dedicado aos 3. Fazíamos isso com muito carinho.

E ainda tínhamos energia pra prepara pratos pra nós. Nessa época eu assistia aos programas do Jamie Oliver e do Olivier Anquier. Aprendi um monte de coisas, fiz um monte das receitas deles. Também assistia a Nigella, mas com ela não aprendia nada, só apreciava mesmo. Afinal, não tínhamos muito pra onde ir mesmo, o negócio era ficar em casa, curtindo aquela empresa que caiu no nosso colo e que aprendíamos a administrar um pouco a cada dia.

4 comentários:

Anônimo disse...

puxa que delicia ler isso.....o amor e carinho transborda mesmo nas suas palavras.....que lindo!!!!!!!!!! Octavio - sempre me impressiona a energia que a gente recebe nao sei daonde quando os pequenos sao pequenos......lendo suas palavras me lembro dos meus dias sozinha aqui no Colorado com os meus bebes....trabalhando o dia todo e ainda acordada por horas e horas de noite em casa.....foi tudo tao exaustivo mas agora me lembro e tenho saudades tambem....

O Lacombe disse...

Mana,
algumas pessoas nos dizem que quando acham dificil cuidar de seu filho pequeno, sozinho ou com um irmaozinho mais velho, lembram da gente: 'puxa, imagina a Bia e o Octavio...'
Eu sempre lembrava de voce e comentava com a Bia: 'pois eh, imagina a Marta se virando la no Colorado com dois pequenos, lingua estranha, tabalhando o dia todo e...sozinha!!!'
Sua tarefa foi, eh heroica!
Que tal fazer um blog?
Beijao

K disse...

Que loucura! Não consigo pensar em mais nada, só "que loucura"... Acho que não teria um terço da disposição :)

Beijo,

K.

O Lacombe disse...

k,
era uma loucura que nos divertia muito. Alias, acho que era uma das nossas unicas diversoes...eh, a coisa melhorou muito, hehehe.
beijao