junho 03, 2008

A Praça Carlos Gomes

[vista da nossa janela do oitavo andar do Ceres]
É notória a freqüência de usuários da praça Carlos Gomes. O trottoir por ali é uma tradição que remonta aos anos 50 e 60 do século passado. Antes disso, ou ao mesmo tempo, havia uma casa de favores muito conhecida e respeitada, exatamente onde foi construído o edifício Ceres, esse, onde moramos. Era a casa da Fanny. Ou da Lola? Não sei mais, quem me contou isso foi um amigo nosso, campineiro da gema, conhece estórias que até o mais crédulo custaria a acreditar. Mas, segundo ele, é tudo verdade. Eu acredito.

Bom, sempre usamos muito a praça pra passear com as crianças. Era um bom lugar pra tomar um ar, um solzinho. A praça é muito bonita, bem arborizada, um desenho de jardim francês, com coreto, um pequeno lago com chafariz, árvores centenárias, palmeiras imperiais de porte magnífico, plantadas pelo próprio Dom Pedro II, que vinha vez ou outra a Campinas e se hospedava na Fazenda Rio das Pedras, lá em Barão Geraldo. Se não me engano, a praça existia como campo desde metade do século 19, o projeto é de 1898 e a data inaugural é 1913. Parece que ali começou um dos times de futebol de Campinas, que homenageou o compositor que dá nome à praça, o Guarani. Na praça tem também o busto do primo Rui, é, do Rui Barbosa, que é da família Barbosa de Oliveira da tal fazenda que hospedava D. Pedro. Meu pai adorava contar essa parte da estória familiar, principalmente quando alguém vinha falando grosso que era quatrocentão e tal e coisa. Ele dizia que era quinhentão!

Voltando à praça, as babás levavam as crianças pra passear diariamente. E claro, as crianças ficaram conhecidas de todos, do jornaleiro, dos taxistas, dos jardineiros, dos desocupados que alugavam banco ali e das moças que trabalhavam por lá. São moças trabalhadoras, da mais antiga profissão que se têm noticia, todas experientes, à beira da aposentadoria. Elas passaram a nos cumprimentar todas as vezes que passávamos ali. Isso acontece até hoje. Quando as crianças cresceram um pouco, iam brincar no parquinho que tem ali. E não é que as mocas passaram a tomar conta...das babás! Era só a gente aparecer num sábado de manhã com as crianças que elas vinham passar o relatório. ‘A tal babá gritou com o menino!’, ou ‘Eles sobem no balanço e a babá fica batendo papo, e se eles caírem?’

Em tempos de medo generalizado, o centro parece um bairro antigo em que todo mundo se conhece. Pelo menos aqui em volta da praça é assim. E como nós não temos preconceito de classe e nem de escolha profissional, as moças da praça se tornaram vigias das crianças. Até hoje elas adoram os trigêmeos.

2 comentários:

K disse...

hahaha engraçado as pessoas irem dedurar as babás pra vocês. Mas, no final das contas, deve dar uma sensação de segurança, né?

K.

O Lacombe disse...

K,
era muito engracado, a gente adorava esses pequenos 'atos' urbanos.