Voltamos a nos encontrar uns dois anos depois, quando André e eu alugamos a edícula de uma casa no Cambuí onde funcionava um condomínio de escritórios de arquitetura, coisa muito comum na cidade. Eu tinha uma velha conhecida da faculdade que tinha uma sala ali e me deu o toque. A edícula funcionava como depósito, precisava de um trato, umas pequenas reformas. Eram duas pequenas salas, um banheiro e uma área coberta. Fomos lá ver, achamos que o lugar tinha jeito, que com pouco dinheiro e algum suor teríamos um espaço de trabalho.
Em um mês fizemos uma limpeza geral e demos um tapa que transformou o lugar. Pintamos as janelas e portas imitando uma pátina, coisa da moda na época. Passamos massa corrida nas paredes, remendamos o forro de madeira. Com a ajuda do pai do André, seu Lélio, refizemos a fiação elétrica e a instalação hidráulica do banheiro. Nessa época eu namorava uma arquiteta que também nos ajudou bastante. Depois de pronto, batizamos o lugar de ‘O estúdio’. Não fazíamos muita coisa ali, além de estudar e escrever nossas dissertações de mestrado, de vez em quando rolava uma festa, e era isso. Mas foi ai que encontrei Bia mais uma vez.
Ela e André não namoravam mais, André já estava em outra e não mencionava mais a Bia. Um belo dia ela liga para ele precisando de um serviço de comunicação visual. Bia tinha uma academia de squash que virava e mexia promovia campeonatos internos, regionais e até internacionais. André trabalhava muito bem com imagens digitais e programas de produção gráfica. Ela queria uns painéis para promover o evento no espaço interno da academia e também os troféus para as várias categorias que iriam disputar a competição. André me consultou, eu topei entrar junto no serviço e Bia apareceu por lá.
Chegou no fim da tarde, já querendo nos arrastar para um chopinho em algum lugar. Não era a loira que eu havia conhecido, estava ruiva, um cabelo em fogo, alaranjado, chamativo. Conversamos, apresentamos nossas idéias, ela topou, combinamos preço, fechamos negócio. O trabalho ficou bastante interessante. Acompanhei o campeonato, regado a cerveja para a assistência. Achei que Bia era completamente louca. O tipo de louca que batia com a minha loucura. E daí em diante não mais a perdi de vista. Passamos a nos encontrar, saíamos para beber, para jantar, íamos ao cinema.
[Eu morava num apartamento no Jardim Planalto, predinho de 2 andares, 2 quartos, pequena sala, varanda de frente para uma praça. Um lugar bom para um cara solteiro]
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