Em junho terminei o mestrado, com uma apresentação razoável e a implicância de meu orientador. Até hoje acho que o cara não tinha mais o que fazer e resolveu me encher o saco. Foi daqueles orientadores que não te dão pelota, que marcam reuniões de orientação apenas pra cumprir obrigação. Se tive uma orientação por semestre foi muito. No dia da apresentação ele fez comentários genéricos, abriu a dissertação na página 17 (como eu poderia esquecer!) e apontou uma questão conceitual. Lembro de escorregar na cadeira como quem vai se enfiar embaixo da mesa. Fiquei chateado, bravo, respirei fundo, respondi que ele tinha razão e ponto final. Não seria ele, que não tinha me ajudado em nada ao longo de 3 anos, que iria atrapalhar meu projeto em andamento. Concluir o mestrado era um passo essencial para começar o doutorado no exterior.
Apesar de ter avisado a todos com antecedência sobre a possibilidade de minha ida, a coisa ficou incerta até poucos dias do embarque. O motivo era simples: dinheiro, mesmo com o câmbio praticamente um por um. Foi um parto conseguir a grana pra ir. Vendi o que podia, carro, computador, móveis, tudo. E ainda tive que pedir dinheiro emprestado para os tios mais abonados. Em uma das universidades consegui uma bolsa de valor simbólico pelo período de um ano, que me garantiria pelo menos o pão de cada dia. Uma vergonha, mas era um projeto de três anos prestes a se realizar e eu não queria deixar escapar a chance. Embarquei no final de setembro, deixando o semestre letivo pelo meio, conseguindo garantir minha vaga de professor em uma das universidades em que dava aulas, assegurando um posto de trabalho para quando voltasse e deixando bravos uns tantos colegas.
Antes da partida, porém, fiz o que jamais imaginei que fosse fazer. Fiquei noivo! Realmente estava apaixonado pela Bia. E eu estava convicto de que tinha encontrado a mulher da minha vida. Como ela resistia em seguir comigo para o exterior, o que seria de fato uma loucura já que nos conhecíamos há apenas alguns meses, resolvi deixá-la amarrada! Em agosto ficamos noivos, com um pequeno almoço na casa de seus pais.
[Me apaixonei mesmo pela Bia. Noivado era uma cosia que nunca havia me passado pela cabeça. Mas eu queria que ela fosse me encontrar depois...]
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