As mulheres sempre foram dominantes em minha vida. Isso não é novidade nenhuma pra qualquer brasileiro, uma vez que nossa sociedade é matriarcal. Dentro de casa é a mãe quem manda ou a mulher mais velha que, por vezes, exerce seu ‘poder’ sobre várias gerações que se seguem.
Em minha casa era minha mãe quem dominava. Mas para um menino de 3 ou 4 anos, a força da mulher se fazia presente de outras formas. Além de minha mãe, eu estava rodeado por minhas 3 irmãs. 2 mais velhas e 1 mais nova. Havia também as mocas que trabalhavam lá em casa, a cozinheira, a faxineira, a passadeira. Lembro de nomes como Anerina, Dina, Detinha, Elena. Minha avó materna sempre estava por lá e pra finalizar, minha babá que na verdade foi babá de minha mãe e morava com minha avó. Eu estava, quase que diariamente, rodeado por até 9 mulheres.
Elena era a passadeira, uma baiana daquelas guerreiras. Tinha um filho de minha idade, Humberto, que volta e meia aparecia pra passar o dia comigo. Éramos amigos e eu o esperava nos 2 dias em que ela vinha passar roupa lá em casa. Humberto era minha salvação, um companheiro, uma fresta na densidade daquele universo feminino que parecia querer me engolir. Eu gostava tanto dele que quando minha mãe ficou grávida de minha irmã caçula, eu dizia que queria um irmão igual ao Humberto.
A questão é que eu sempre estive rodeado de mulheres e talvez essa parte de minha formação na infância explique o porque disso. Na escola eu era um menino bem normal, na média. Jogava futebol durante todo o intervalo, mas arrumava um tempo pra ficar perto das meninas. Não sei bem o que eu fazia pra elas, mas voltava pra casa todos os dias sem pelo menos um botão na camisa. Minha mãe ficava louca! Rolava um pega-pega e as meninas não tinham dó, me agarravam pela camisa e lá se ia o botão.
Em Campinas continuei o mesmo, um cara normal, mas que tinha tempo e interesse em saber o que se passava na cabeça das meninas. Não que eu as entendesse, longe disso, mas sempre tive muitas amigas, além dos amigos do futebol. Com o tempo e com o interesse dos meninos pelas meninas crescendo, fui ganhando popularidade. Afinal, eu era amigo das meninas e podia fazer um contato entre os interessados. Essa proximidade com o universo feminino sempre me rendeu muitas namoradas.
Sempre tive namoradas, sem problema. Eu sempre achei que se eu fosse bonito seria insuportável. Mas como eu era feiinho, sempre pintava uma insegurança na hora das investidas sobre as meninas, apesar de serem minhas amigas. Acho que foi essa insegurança que me fez desenvolver um bom papo e um certo charme que me renderam a fama de conquistador. Na faculdade essa intimidade com a cabeça das mulheres me trouxe além de namoradas, amantes. E foram muitas. E me diverti muito.
Conto tudo isso porque quando vejo o público do blog, pelo menos o público que interage com mais freqüência, vejo que é um público predominantemente feminino. Acho interessante. E não é à toa. O assunto filhos, numa sociedade matriarcal como a nossa, é assunto que interessa mais as mulheres. Então fico pensando que essa história toda desde minha infância tem a ver com meu interesse pelos filhos. Foi a convivência intensa com o universo feminino que me deu as ferramentas pra cuidar dos filhos assim.
Mas hoje meu contato com o universo feminino é através das leitoras do blog, ou seja, muito mais virtual do que real. Tenho que confessar que esse contato me faz um bem danado. Me lembra que ainda tenho um certo charme, mesmo que hoje ele se expresse mais em minha condição de pai de trigêmeos que escreve sobre tal. Tudo bem, não deixa de ser um charme. Mas se não fosse o blog, meu universo feminino hoje se encerraria em duas mulheres que são tudo na minha vida, são ‘as minhas’ mulheres, aquelas capazes de fazer de mim gato-e-sapato: Bia e Laura. As duas são, hoje, o meu universo feminino, presente, real, atual. E vou te contar, elas são a prova de que o importante não é quantidade e sim qualidade.
-
9 comentários:
hahaha. Adoreeeeeiiii esse post, muito divertido e sincero.
Bjo grande!
Então aproveito para encher tua bola e dizer que o texto ficou ótimo, como de costume. Acho que todas nós, leitoras do seu blog, também nos sentiremos homenageadas.
Parabéns!
rs
Sua simpatia, os textos, belíssimos, a rotina dos tri ... tudo isso tem um charme especial.
Abraço
Viva as mulheres!
Acho o máximo que um pai conte como cria os seus filhos, justamente porque não é o comum.
Meu marido é um superpai, mas não tem interesse, tempo ou o que seja para escrever suas experiências, embora adore falar no assunto. Acho legal que vc o faça.
E viva as suas mulheres, Bia e Laura,que te fazem um homem melhor.
Beijos
Legal esse post, Octavio! Achei super genuíno!!!
De fato é sempre melhor qualidade do que quantidade!
Parabéns...
Beijos
Ah!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Nada como começar o dia lendo o "marido da Bia e pai dos trigêmeos"!!!!!!!!!!!!!!!
Luísa e bbs
Adorei o texto e a homenagem. Legal saber o quanto as mulheres foram e são importantes na sua vida.
Um beijo pra família toda.
Hei ! sedutor...
Realmente você tinha o chamado "bico doce". Conversávamos horas e horas e ainda era insuficiente. Éramos amigos confidentes. Lembro-me que quando você gostava de alguém era pra valer. Você era intenso, sedutor, romântico, seus olhos tão azuis e seu sorriso iluminava tudo a nossa volta. A sua amizade me ajudava muito porque eu era nova no colégio e havia as
chamadas "panelinhas ". Mas você me incluiu, me acolheu com tanta sinseridade...
Você se tornou um grande homem Octávio. Agradeço a Deus por ter tido sua amizade na adolescência, e tê-lo reencontrado através dos trifilhos.
Então você tem o dever de ensinar seus dois homens a cuidar muito bem das mulheres.
Postar um comentário