No ano seguinte [1998], o fim de minha dissertação de mestrado ia se aproximando, quer dizer, eu era pressionado pelo prazo institucional que me obrigava a terminá-la, caso contrário poderia ser desligado da pós-graduação, o que daria um trabalho danado para recomeçar. Além disso, estava bem encaminhado o projeto de fazer um doutorado nos Estados Unidos e eu queria engatar uma coisa na outra. Eu já vinha trabalhando há uns bons dois anos no projeto do doutorado no exterior. E agora estava quase tudo pronto. Os contatos tinham sido feitos, as provas feitas [o Toefl], o projeto enviado para escola [o MIT], só faltava a carta de aceite. Eu dava aulas em duas universidades, ganhava relativamente bem para um cara solteiro sem muitos planos para fixar nada na vida. Por outro lado, minha relação com a Bia se estreitava cada vez mais. Até que em abril a coisa esquentou.
Eu era freguês de um bar no Cambuí, bairro onde acontece a vida noturna da cidade. Era um bar caipira, com comida feita no fogão a lenha, cachaça de primeira, cerveja gelada e gente bonita. De tanto que ia ao lugar, acabei amigo do dono. Chegava antes de abrir e saía depois de fechar. Como diziam os garçons, eu tinha virado mobília do lugar. Era um bar pitoresco, com móveis antigos, cacarecos de fazenda, luz de lampião e vela. Um único cardápio servia todas as mesas, o que gerava controvérsias, discussões e às vezes até brigas mais acaloradas. O dono era do tipo durão, quase invocado, mas de bom coração. Me deixava ficar pendurado no balcão, uma velha bancada de marceneiro com cadeiras de dentistas do arco da velha.
Já tinha ido com a Bia algumas vezes, com turmas grandes, mesas enormes, uma bagunça típica de botequim. Numa dessas confusões me aproveitei de um trança-trança de gente pra lá e pra cá e passei a mão na Bia pra sentir o material. Nada tão de leve que ela não percebesse mas o suficiente para servir de declaração de intenções. Ela parece que gostou porque ali ficou, saindo naturalmente, sem comentários, pra sentar em seu lugar, do outro lado da mesa. No dia seguinte liguei no fim da tarde e nos encontramos no bar. Estava vazio, sentamos em uma mesa de canto, de pouco movimento, a não ser dos garçons. Conversa vai, conversa vem, minha mão alisando suas pernas, logo estávamos nos beijando acaloradamente, o que rapidamente nos levou para minha casa. Estávamos em abril.
Em poucos dias eu sabia que Bia era a mulher certa para mim. Passamos dias maravilhosos juntos. Em maio chegou a carta de aceite do MIT. Contei a Bia que iria para os Estados Unidos e perguntei se ela iria comigo. Estávamos há um mês juntos. No fim do mês passamos um susto, Bia atrasou, ficamos apreensivos. Foi por pouco, mas já era um aviso do que poderia vir pela frente.
[Sempre quis ter filhos, mas nesse momento específico da minha vida, acho que não queria não. Apesar da gente gostar muito de sair e até começarmos nosso namoro num bar, depois do nascimento dos trigêmeos nunca mais fomos nem naquele e nem em nenhum outro! De veeeez em quaaaando, dá!]
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2 comentários:
OI Pai dos Trigemios. Vim aqui agradecer pela visita no meu blog e pelo seu comentario e palavras de apoio no meu ultimo post. Aproveitei p vir xeretar um pouco do seu, quando vi "pai dos trigemeos" logo me interessou. Amo criancas, e sou super curiosa sobre como pais conseguem lidar com elas, ainda mais quando sao mais de um, dois, 3, ou 8 como a familia do Jon and Kate plus 8. Amo aquele show, eh uma licao de vida. Eu e meu marido queremos esperar p ter filhos, tenho uma grande chance de ter gemeos um dia, tanto minha mae e minha avoh por parte do meu pai tiveram gemeos, eu to no meio neh... mas eu prefiro ter um de cada vez, nao sei se teria o pique e energia que voces dois tem. Eu li apenas dois posts e adorei seu blog. Virei mais vezes, e colocarei um link dele no meu. Continue com o otimo trabalho q esta fazendo com seus filhos, eles sao lindos!
Ateh mais.
Obrigada mais uma vez.
Nossa, muito legal saber a história de vocês desde o começo!
abraços.
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