março 25, 2009

música do vovô Noel – boneca de papel

Falando em maestro…

...ando cantando umas músicas pros tri que meu pai cantava quando eu era pequeno. Meu pai tinha uma bela voz e chegou a flertar com o rádio no final dos anos 40 e início dos 50. Cantava bem em inglês, espanhol e português. Cantava uma e outra em Francês, mas pouco. Chegou a ser convidado pra fazer parte da rádio Nacional no Rio, mas meu avô [seu pai] o proibiu veementemente.

Interessante, meu avô [o Mario]. Proibiu meu pai de fazer algumas coisas que poderiam ter se transformado em sucesso. Primeiro, essa de ser cantor. Meu pai tinha talento, além de ser muito carismático, simpático e comunicativo. E o cara cantava em inglês, o que poderia fazer a diferença na época. Depois, a coisa do cachorro quente. Em 1946 [imediato pós-guerra, portanto], meu pai foi para os EUA, estudando primeiro em Purdue e depois na Indiana University, onde cursou Economia e Negócios [um curso que não existia no Brasil e que daria origem aos cursos de marketing]. Sabe que lá ele chegou a gravar um disco [algo equivalente a uma fita demo que existia há uns tempos atrás] com um trio de música latina chamado ‘Los Ticos trio’. Voltou ao Brasil em 1952 e logo que chegou meu avô perguntou a ele o que gostaria de fazer. E ele disse: ‘Quero abrir uma lanchonete para vender Hot Dogs.’ Pra que! Levou uma carraspana do pai que o chamou de louco e daí pra pior. Resultado, 2 anos depois alguém abriu em São Paulo [acho que era o Chico’s Dog. Será?] a primeira lanchonete vendendo cachorro quente e foi um baita sucesso. De qualquer forma, meu pai foi bem sucedido em outras atividades. Agora, cantar, ele nunca deixou de cantar.

Ele cantava uma música, especialmente pra minhas irmãs, que devia ser um sucesso nas rádios quando ele morou nos EUA [a música é de 1943], chamada ‘Paper Doll’, de uns caras chamados Mills Brothers.



Ele até fez uma versão em português, muito legal:

Eu vou comprar uma boneca de papel só minha
Que outros não queiram me roubar
E os garotos lá da rua, que são de amargar
Terão que procurar bonecas reais

Quando eu voltar pra casa toda tarde
Terei sempre ela a me esperar
Eu vou comprar uma boneca de papel só minha
Que outros não queiram me roubar

Cantei isso pras crianças e eles gostaram. Acharam fantástico que tenha sido o vovô Noel que cantasse quando eu era pequeno.

3 comentários:

Andréa disse...

Octavio, eu acho que era uma coisa recorrente na época dos nossos pais esse tipo de coisa. Aconteceu bem parecido com a minha mãe. Ela jogava vôlei super bem, foi chamada pra jogar no Flamengo, se não me engano, mas meus avós não deixaram de jeito nenhum! Ela também tinha o maior jeito pra fazer teatro, mas imagina se eles iam deixar a filha deles fazer teatro! Isso era coisa de prostituta! Enfim, uma pessoa cheia de talentos que acabou sem poder desenvolvê-los. Eu acho que ela passou a vida toda meio frustrada por conta disso...
Mas, enfim, era assim que as coisas rolavam nos idos de 1940, 50... Ainda bem que hoje não é mais assim.
Beijos!
Andréa
www.picolecarioca.com.br

Soraya Wallau disse...

Ai q legal! É muito legal fazer com que eles saibam dos antepassados, assim a nossa história nunca morre, né?!
Bjo bem grande pra vcs tudo!

Anônimo disse...

Poxa, seu pai cantava essa música ?... Que delícia de música...
Boa para dançar... um, dois..., um, dois..., ta-ta-ta...

Adoramos.
Um,dois..., um,dois...

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Gloria