junho 05, 2009

a mochila

Parece incrível, mas foi só pensar sobre consumismo e pressão da mídia e coisas afins que apareceu uma situação pra testar minhas convicções. Ontem, saindo da escola na hora do almoço, Diogo e Mario entraram no carro dizendo que não gostavam mais de suas mochilas e que queriam mochilas novas. Noa é a primeira vez que o Mario reclama disso. Tudo bem, reconheço que a mochila deles está meio velhinha, meio inapropriada para meninos de 5 anos, mas está perfeita. É a mesma mochila desde que entraram na escola, com 2 anos e meio, assim como a lancheira e todos os potinhos que usam pra levar o lanche. Laura conseguiu quebrar tanto a mochila como a lancheira, então ganhou novos no ano passado. Agora adivinha, ela quis do Cebolinha!

Bom, senti que a pressão vinha dos colegas, que devem ter questionado e talvez até gozado os dois por causa da mochila velha. Imagino que os amigos devem ter mochilas do Ben 10, do Batman, Homem Aranha e quetais. Como quem não sabe de nada, comecei a perguntar porque queriam mochilas novas, qual o problema com as mochilas, o que tinha acontecido, até que perguntei se os amigos tinham mochilas novas. Bom, montei o quadro e comecei meu discurso ainda sob os protestos dos meninos.

Disse que não era porque todo mundo tinha mochila nova que eles teriam que ter também. Que a mochila nova fazia a mesma coisa que a velha, que a deles estava ainda muito boa e a gente só compra coisas novas quando as velhas quebram. Dei o exemplo do nosso carro [que nem é tão velho assim, mas frente a troca de carro de 2 em 2 anos que se faz por aqui, fica parecendo uma antiguidade] que era velho mas funcionava bem, fazia o mesmo que os outros carros e quando quebrava alguma coisa eu mandava consertar ao invés de comprar um novo. E por fim falei de dinheiro, que a gente tinha um pouco de dinheiro em casa e gastava esse dinheiro pra comprar comida, frutas, verduras, iogurte, as coisas que eles levavam no lanche. Também disse que gastávamos pra pegar os filmes que eles gostavam e pra ir de vez em quando comer pizza. E que usávamos o dinheiro pra colocar gasolina no carro pra poder passear e que esse dinheiro não dava pra fazer tudo que a gente queria. Se a gente usasse o dinheiro pra comprar a mochila, talvez não pudéssemos comprar mais iogurte, ou sair pra comer pizza ou pegar os filmes que gostavam.

Foi um discurso duro, admito. Laura ajudou na argumentação dizendo que só se quebrassem a gente compraria outras. Os dois entenderam muito bem. A reação de um e de outro é que foi diferente. Diogo ficou tranqüilo, fez cara de muxoxo mas ficou quietinho. Mario ficou resmungando, manhoso, fingindo um chorinho que durou 15 minutos. Fiz que não era comigo, que não estava vendo e a coisa se acomodou. Meia hora depois o moleque estava brincando como se nada tivesse acontecido. Hoje foram pra escola felizes da vida sem nem ligar pra tal da mochila.

[veja animacao sobre consumismo aqui]

8 comentários:

Alê disse...

fiquei com vontade de colocar os meninos no colo.... E pq as meninas até nisso amadurecem mais rápido hein??rsrsrs
Laura, Laura.... vc é demais!
bjs

Vanessa Anacleto disse...

Rapaz, super importante essa questão. Já estou me preparando para ter esta conversa, o meu tem 1 anos oito meses. E aqui em casa o lema é comprar só qdo se precisa de algo.

Este é um comentário-convite :-). Quer participar da Leitura Coletiva em julho no Fio de Ariadne? Veja como no post: Leitura Coletiva

Bom fim de semana

Nadja Kari disse...

Adorei sua atitude, espero ter essa força o dia em que isso acontecer comigo... o que ainda vai demorar um pouco hehehehe !
Beijoooos :)

Anônimo disse...

Então, mochilas na escola, pelo menos a que trabalhei, por falta de espaço, eram um problemão para guardar. Cada qual trazia a sua de vários tamanhos e marcos e desenhos diferentes. Nas escolas japonesas que meus filhos estudam, as mochilas são padrão, para cada idade e série. Mesmo porque, imagina, nas escolas públicas as crianças vão a pé na escola, desde o infantil, então se forem muito grandes e pesadas, já viu né.
PS: parabéns, pelo convencer, a reflexão.
Abraços
madoka

Isadora disse...

Educar não é tarefa fácil. O bom é que a gente se reeduca também. Bjo

CIELE disse...

Confesso que fiquei com dó dos mesninos....rs. O Edu tbém me questionou isso com 5 anos, e a mochila tbém era antiga (havia sido do primo), mas estava em bom estado. Mas confesso que mexeu comigo. Acho que me lembrei dos meus momentos de escola, de me sentir por baixo pq não tinha as coisas que todos tinham. Daí, o Edu acabou ganhando da avó, de natal, uma mochila do Shreck, com lancheira combinando. Será que fiz mal....

Lali disse...

Outro dia, um amiguinho do Edu me questionou o por quê do Edu só ir p/ a escola com o mesmo tênis, parecendo que ele tinha apenas um par de sapatos. A mãe ficou sem graça e disse que "as crianças são assim, mesmo", muito sinceras. Fiquei me sentindo estranha, com alguma coisa "entalada". Me surpreendeu um menino de 5 anos repearar nisso.

Marilia disse...

Fiquei pensando nisto.
Qdo estava no Brasil, minha filha usou a mesma mochila de rodinhas do maternal 2 ao jardim 3. Quase 4 anos!!! As coleguinhas usavam a Barbie, teletubies, etc..Mas ela nem entendia isto e adorava a dela, Era roxa com a foto da Minie e foi comprada numa casa de 1,99, mas paguei uns 15 reais. E a mochila ainda veio como bagagem de mao na viagem com as coisas dela.
Que mochila de material bom !
Hj ela tem 10 anos, e tem 4 mochilas. Uma para escola, outra para piano, outra para Gym e uma outra esperando qquer evento surpresa. E vou te contar, viu? nao valem nada...se rasgam, sao frageis, parecem um plastico encapado ou de tecido grosso e com este clima daqui, vao para o garbage todo mes de julho..
A vantagem eh que procurando sao baratas e sem modismos. Qto mais crua e sem graca, por aqui eh cool!!
abracos.
Adorei seu bate papo com as kids. Tbem faco isto e a gente pensa q nao entendem, eles entendem tudo. Minha garota vive me controlando em compras e me chama de louca por shopping...Bem, consegui desenvolver o Juizo, pelo menos por enquanto..