junho 19, 2009

agulhas e injeções

Não posso dizer que sou fã de agulhas, mas medo nunca tive. Nem quando pequeno. E olha que tomei um monte de injeções quando era criança. Não sei muito bem o motivo, acho que por que naquela época alguns medicamentos eram mais efetivos por essa via, intramuscular. Minha mãe sempre dizia que podia chorar, mas gritar e fazer escândalo, não.

Talvez a razão pra que eu não tenha medo de injeção e agulhas em geral seja por que quem aplicava injeções lá em casa era meu pai. Pois é. Ele resolveu aprender quando sua mãe, minha avó Betina [seu nome era Albertina], teve um AVC que a deixou na cama por 8 anos. Ela tinha que tomar injeções diariamente e meu pai passava na casa de meus avós religiosamente para cuidar da mãe. [mais sobre meu pai aqui e aqui]

Ele tinha seu próprio kit de seringas e agulhas numa época em que não havia as seringas de plástico e as agulhas descartáveis. Quando eu tinha que tomar injeção, acompanhava todo o processo de preparação, da esterilização à aplicação. Lembro nitidamente de meu pai dando uns petelecos nas ampolas de medicamento antes de quebrar a ponta e inserir a agulha para extrair o líquido, puxando o embolo da seringa. Lembro da seringa se enchendo e depois meu pai de novo dando uns petelecos nela pra acomodar o líquido. Por fim, ele dava uma pequena pressionada no embolo pra retirar todo o ar da seringa. Agora estava pronto pra aplicar a injeção.

Então vinha a pior parte. Ele nos deitava de bruços em sua cama [taí um dos motivos do porque injeções metem tanto medo na criançada, de bruços, de costa, sem poder ver o que vai acontecer, indefeso! Não dá, é mais difícil!], passava um algodão molhado com álcool e aplicava, tudo sob o olhar atento de minha mãe, que o auxiliava na tarefa de nos convencer que a danada da agulhada não doía. Nunca ofereci muita resistência, não. Chorar, chorei muitas vezes. Em compensação, como premio epla coragem e pelo bom comportamento, ganhei muitos carrinhos matchbox nessas ocasiões. Eu tive uma coleção bem grande desses carrinhos quando ainda não eram a febre que são hoje em dia [ainda não existia o hotwheels, eu acho]. Não eram muitos porque tomei tanta injeção assim, mas porque meu pai viajava muito e os trazia de presente.

Ele dominava a técnica muito bem, acho que a coisa era mesmo meio indolor. Antes da aplicação ele explicava como deveria ser feita a aplicação: divide-se a banda da bunda em 4 quadrantes [imaginariamente, claro] e aplica-se no quadrante superior direito, num golpe só, firme e certeiro, porém suave. Sei como se aplica uma injeção, numa necessidade posso fazê-lo, talvez com mais medo do que de tomar uma injeção, mas nunca apliquei. Minha irmã mais velha aprendeu direitinho e aplica muito bem.

Essas ocasiões foram tão marcantes que acabei guardando o kit de seringas e agulhas por muito tempo. Até outro dia me lembro das seringas de vidro rolando aqui em casa em algum lugar. Mas as agulhas ainda tenho algumas. Posso garantir que não são como as de hoje em dia, são bem mais grossas, pelo menos assim parece.

O medo tem que fazer parte da infância. Injeção é como o lobo, ele morrem de medo, mas adoram suas histórias. Agora olha só o que a Bia achou numa dessas convenções e trouxe pras crianças. Umas canetas de uma empresa de mobiliário médico. Meio tenebroso, mas os 3 adoraram.

5 comentários:

Soraya Wallau disse...

Eu tinha dessas qnd eu era criança, na verdade eu era meio fanática por seringas, até perguntava se não ia tomar injeção pra poder ganhar uma. hahaha. Acho q eu tenho problemas...
Bjão!

Karla disse...

Le-gal! Não que eu curta injeções mas como publicitária, achei fantástico! Boa idéia! Beijos!

Caroline disse...

KKK, adorei as canetas!

Thelma disse...

Oi Octavio!

Brigadão pelas felicitações! :-)

Adorei essas canetas, viu? E acho que a tal da injeção a gente acaba fazendo maior do que é... hehehe

Beijocas a todos!

Glória disse...

Hum... olhando assim são mesmo assustadoras...