Então, numa sexta-feira, não teve jeito, entraram na agulha. Na hora do almoço avisei que a tarde eles iriam tomar vacina. Tentei dar a noticia e prepará-los da melhor maneira possível, mas não adiantou muito.
‘Adivinha do que é dia, hoje?’ falei em tom animado e de brincadeira.
‘Dia de sorvete!’, tentou a Laura.
‘Dia de passeio!’, disse o Diogo.
‘Dia de piscina!’ arriscou o Mario.
‘Nada disso, hoje é dia de va...va...’ e já pude ver a carinha deles mudando de humor ao mesmo tempo que ouvia uns resmungos chorosos ‘...va...vacinaaaa!’
Pronto, começou a reclamação, o não, não, não e o Mario desandou a chorar. Chorou 10 minutos, dá pra acreditar.
Então expliquei aquela ladainha toda novamente, que vacinas são necessárias, que é preciso tomá-las pra não ficarmos doentes e bla, bla, bla. E acrescentei que eu e Bia também iríamos tomar algumas vacinas. E tomamos mesmo a tríplice adulta e a de hepatite. E por fim afirmei que a agulhinha da vacina nem dói nada. Consegui acalmá-los até o final da tarde quando saímos pra pegar a Bia. Dali partimos pras vacinas. E os 3 fizeram o percurso de 20 minutos de olhos fechados, fingindo dormir, não querendo nem ver pra onde estavam indo, não querendo encarar a realidade que se aproximava, o destino que os levava até a agulha.
Incrível o poder de sugestão de um dispositivo tão pequeno. As agulhas impressionam muito mais do que fazem doer propriamente. Tão finas, tão pequenas, tão poderosas em sugerir a dor.
Na hora de tomar as vacinas fui o primeiro pra ver se encorajava a galera. Nas 2 agulhadas afirmei que não estava sentindo nada, que não doía nada. Depois foi a Bia que também se fez de valente e não sentiu nada. Mas o efeito não foi muito encorajador e os 3 se esquivavam da salinha de vacina.
Até que Diogo se prontificou a ser o primeiro. E se comportou muito bem, chorou um pouquinho e fez aquela cara triste que só ele consegue fazer. Depois foi o Mario, quase arrastado, mas foi, chorou, gritou um pouco e pronto. Então, foi a vez da Laura, que deu um show dos mais horríveis, daqueles que eu detesto. Primeiro foi com a Bia. Não deu certo. Depois entrei em ação. Um pouco de papo, alguma força, uma palmada no bumbum e mais forca pra segurar a ferinha que berrava a plenos pulmões. Até que a primeira agulha entrou naquele bumbunzinho de nada e ela parou de chorar.
Pronto. Missão cumprida. E comprida também. Até 2016! Acho que 7 anos é tempo suficiente pra que eles amadureçam, percam o medo e percebam que tomar vacina não dói. Nem tudo na vida são flores!
[as fotos sao de 2007. Nao tenho muitas fotos dos 3 chorando]
9 comentários:
Nao sei se vou te animar muito, mas eu tenho muito medo de agulhas. Muito mesmo. E sei que é medo, como voce mesmo descreveu, que doi mais do que a propria agulhada. A dor é da antecipaçao, da ansiedade.. mas é real, mesmo sendo medo.
Pra piorar, quando acabou a fase das vacinas, eu tive que fazer um tratamento bem sério e tomei injeçoes muito doloridas por muito tempo. Anos. Ai..ai.
Tinha dia que dava uma de Diogo e chorava um pouquinho sò, mas ia logo pra acabar com agonia... mas tinha dia que dava ataque, travava, e entrava em panico que nem a Laura. Fui assim desde criança... e.. ainda hoje sou assim, Octavio. Tenho 40 anos. :-S
...
Eu falei que nao ia te animar muito.
Octavio, não sei se 7 anos irão bastar... minha barriga ainda gela quando vejo agulhas... me estressa mesmo!
Mas como vc disse... nem tudo na vida são flores!
Eles estão lindos!
Abçs
ih....vacinas.... sei bem o quanto é difícil esse momento....
Entre choros e manhas, todos protegidos!
: )
Ps- mas essa carinha da Laura é de cortar o coração hein???
Beijos
Não vou falar das agulhas, mas dos filhos lindos que vc tem. Adorei o blog, li vários posts de uma vez e conccordo que temos que educar os filhos desde bebês.
Muito bom ler um pai que escreve sobre os filhos. Parabéns!
Oi Octavio, o Tutu tbm chora qnd toma vacina, o Ravi fica todo preocupado, mas pra mim é difícil achar q dói, pois sou a rainha das agulhadas (tattoos) acho q nunca senti dor com vacina e agulha, pois nem senti a Rack, acho q é a vacina em si que deve assustar mesmo, pq o Arthur consegue ver vacina até em poste, um dia eu te mostro a foto.
Bjão
Queridos Bia e Octávio,
Voces estão seguindo o calendário de vacina do SUS ou particular ?
É porque existem dois (ou muitos mais)"Brasis". Assim como educação, segurança, existe no Brasil saúde pública e privada ...
Nesse assunto de prevenção de doenças é complicado... Eu me revolto com isso. Por que as crianças de todo o Brasil não podem receber a mesma prevenção contra doenças ? Hei ! a nível epidemiológico acabamos todos no mesmo barco ! Acredito que estamos no mesmo barco em tudo. É ilusão achar que somos melhores se mais educados, mais seguros, mais imunes..., precisamos contar e confiar uns dos outros, sempre.
Hei ! Passou máquina no cabelo dos meninos ? que cabelo raspado é esse ? Voce não nos contou sobre isso...
Ficaram tão homenzinhos !
Hare Baba !
Quando vejo uma agulha ou leio sobre agulhadas, sempre vem à minha mente a imagem do meu pai e a minha mãe correndo atrás de mim quando eu tinha 5 ou 6 anos, não sei bem. Não sei o que era aquela agulhada que eu ía tomar, só sei que na hora H eu escapei que nem um sabonete das mãos do enfermeiro, do meu pai e da minha mãe. Voei. Fui pra calçada gritando e chorando que não iria tomar injeção de jeito nenhum. Morávamos numa cidade muito pequena, atravessei a rua e fui correndo pela pracinha que ficava em frente. Lembro perfeitamente do meu pai correndo atrás, me alcançando e me levando de volta. Além da injeção, ainda levei castigo (eles não batiam, nunca bateram, mas bem que eu mereci uns petelecos, né, mas não levei... fiquei sem tv durante uma semana, ou sem sair pra brincar durante uns dias, não lembro bem). O castigo deve ter sido pra compensar o que meus pais passaram na frente de todo mundo..sem falar no exercício forçado que meu pai fez.
TEnho medo de agulha até hoje. Quando vou doar sangue, fecho os olhos, ligo o Ipod e não olho. Se eu vir a agulha, passo mal.
Não sei se esse medo tem solução. Meus irmãos não tinham medo e não tem até hoje. Não é genético, portanto hahaha
Adoro o seu blog.
Beijo!
Como irmã de autista e por acreditar que as vacinas, por serem armazanadas em mercúrio podem regredir um autsta ou tornar alguém com gene autista um autista, não vacinarei meus filhos... ao menos que mudem o método de armazenamento no Brasil...
esse tema me dá até arrepios... Beijokas!
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